agosto 31, 2008

SAUDADE


Hoje presto homenagem à minha mãe.
Partiu, faz 58 anos, no dia 31 de Agosto de 1950.

VERSOS A MINHA MÃE

Ò minha mãe, minha santa
Se pudesses cá voltar
Tinha tanta coisa, tanta
Minha mãe p’ra te contar

Não estou só, pois conheci
Na vida o amor d’alguém
Não me compensa de ti
Mas sou feliz minha mãe

Dos filhos tenho meiguices
P’ra compensar teus afectos
Ò minha mãe se tu visses...
Que lindos são os teus netos!

E se vires meu pai também
Num canto desse jardim
Diz-lhe que vai tudo bem
E dá-lhe um beijo por mim

FADO NO PORTO


AIDA ARMÉNIA
NO BEIRAL DO MEU TELHADO / 2003

Fez o ninho uma andorinha
No beiral do meu telhado
Agora chego à noitinha
E canto p’ra ela o fado

Talvez seja aquele encanto
Que ao fado a nós nos prende
Eu sinto que quando canto
Aquela andorinha entende

E quando a folha caiu
Tinha chegado Setembro
A andorinha lá partiu
Ia triste, bem me lembro

Mal chegou a Primavera
Voltou a negra andorinha
Pousou na minha janela
Cantei-lhe o fado à noitinha

À JANELA DO FADO (Livro)

(continuação)

Adega S. Pedro

Afurada – V. N. de Gaia
Restaurante 445
Rua José Mariani em V. N. Gaia
Casa O Castiço
Travessa de Cedofeita no Porto
Cave do Fado
Na Ramada Alta no Porto
Café Snack-Bar Vila
R. Guerra Junqueira em Aguas Santas
Petisqueira de Fernandes Tomas
Rua. Fernandes Tomas no Porto
Retiro da Diana
Vila Nova de Gaia
Xaile Negro
Rua do Bonjardim no Porto
Restaurante O Burgo
Rua do Bonjardim no Porto
Café Porto
R. Gonçalo Cristóvão no Porto
Galo d’Ouro
Largo do Bonjardim no Porto
Café das Oliveiras
Belinho — Esposende
Café Charles
Gandra em Ermesinde
Restaurante o Cabana
Miramar – V. N. Gaia
Magic Pub
Na Corujeira – Porto
Porto à Noite
Rua dos Mercadores – Porto
Adega Rio Douro
No Ouro, junto ao rio
Adega das Aldas
R. Das Aldas na Sé – Porto
Jardim da Celeste
Centro C. Dallas no Porto
Twigy
Centro Comercial na Rua do Bolhão no Porto
O Brasinha
No Padrão da Légua
Pau de Canela
Rua dos Caldeireiros no Porto
Solar do Pátio
Rua S. João Novo no Porto
Euro café
Rua do Rosário no Porto
Café Jovem
Aveleda – Vilar do Pinheiro
Caves de Santo Antão
Monte da Bela em Campanhã
Ténis Bar
Parque Itália no Porto
Casa D. Duval
Esquina da Rua Chã no Porto
Estalagem de S. Martinho
S. Martinho do Campo
Restaurante Penafidelense
R. Rodrigues de Freitas - Ermesinde
Restaurante Vulcão
Porto
O Telhadinho
Santa Maria da Feira
Estalagem
S. Martinho do Campo
O Cálice
No Infante no Porto
As Berlengas
No Infante no porto
O Pote
Rua de Lindo Vale no Porto
Restaurante O Castiço
Rua Elias Garcia em Ermesinde
Adega do Emídio
Estarreja
Fado Menor
Largo do Colégio – Sé – Porto
Flor da Fonte
Miragaia – Porto
Arca de Noé
Canidelo – V. N. Gaia
Associação Musical de Massarelos
Massarelos – Porto
Restaurante O Fundão
Rua da Estação - Campanhã
Montanha Grill
Matosinhos
Petiscos & Companhia
Rua Duque Loulé – Porto
Petisqueira AAA
Corujeira – Porto
Sonho do Miranda
Gueifães - Matosinhos
Café Concerto
Praça dos Poveiros
Adega do Testas
V. Do Conde

E muitas mais que não recordo ou não conheço…

Pág.40 (continua)

agosto 30, 2008

GUITARRISTAS DO PORTO


JOSÉ NUNES
Embora José Nunes se tenha tornado um dos grandes guitarristas de Lisboa, este músico era na realidade nortenho – natural do Porto, onde nasceu em 1916, filho de um regente de banda militar que morreu tinha ele apenas quatro anos. Com oito anos teve as primeiras lições de guitarra, ainda no Porto, antes de ir para Lisboa estudar nos Pupilos do Exército, acabando por se radicar na capital. Estreou-se publicamente no Café Ginásio em 1930 e iniciou carreira profissional no Café Mondego seis anos depois, já depois de ter feito parte do elenco das primeiras emissões de rádio dedicadas ao fado. Aliás, José Nunes foi não apenas um pioneiro na divulgação da guitarra portuguesa na rádio, mantendo durante mais de trinta anos presenças regulares na Emissora Nacional, como também na televisão, tendo sido o primeiro guitarrista a aparecer na RTP – mantendo sempre o seu emprego diurno na Companhia do Gás e Electricidade. Acompanhante de muitos dos maiores nomes do fado (a própria Amália teve a felicidade de contar com a sua colaboração), era considerado um mestre por muitos dos seus confrades (o próprio Artur Paredes, mestre entre os mestres, admirava o seu talento), José Nunes era contudo, apesar do seu talento, pessoa reservada e exigente, profundamente perfeccionista. Faleceu em 1979. No dia do seu funeral, Amália disse : Armandinho era o melhor de Lisboa, José Nunes era o melhor de Portugal.*
Fonte: Site de Fernando Gil (Biografias)
*Acrescento meu

FADO NO PORTO



MANUEL BARBOSA

NÃO REZO HÁ TANTO TEMPO / 2003

Eu guardo os pecados meus
Na vida como um tormento
Já não sei falar com Deus
Já não rezo há tanto tempo

Às vezes fico indeciso
Se são pecados mortais
Quando de Deus eu preciso
Ele não me fala mais

Se não é pecado amar
E se o fado é oração
Então eu rezo a cantar
E de Deus tenho o perdão

Muitos não são capazes
De encarar seus pecados
Eu com Deus já fiz as pazes
Paguei-os todos em fados

À JANELA DO FADO (Livro)

(continuação)

Restaurante O S.Domingos
Carvalhosa, Em Paços de Ferreira
Restaurante Típico A Guitarra
No centro da Póvoa de Varzim
Restaurante Snack-bar A Guitarra
Na rua Morgado Mateus no Porto
A Embaixada Transmontana
Rua do Lidador em Vila do Conde
Restaurante D. Diogo
Trav. José Mariani em V. N. de Gaia
O Solar de Grijó
Vendas de Grijó nos Carvalhos
Restaurante O Forno
Na Rua Sta. Catarina no Porto
Restaurante Dente d’Alho
Na Rua Sta. Catarina no Porto
Restaurante A Telha
Em Vila Nova da Telha na Maia
O Restaurante S. Jorge
Em Leça da Palmeira, Matosinhos
Restaurante Celi e depois Casa do Vítor
Em Milheirós na Maia
Restaurante Típico O Fumeiro
Largo S. João Novo, 5 Porto
Bar Dancing V Império
Pr. Mouzinho Albuquerque - Porto
Adega do Quim
Rua Fonte de Massarelos, Porto
Restaurante O Recanto
Em Lavra – Matosinhos
Restaurante Maná e depois Vila Nogueira
Nogueira da Maia – Maia
Restaurante o Manancial
Nogueira da Maia – Maia
Casa A Mamã
No Padrão da Légua - Custóias
O João de Ramalde
Em Ramalde no Porto
Adega do Tijolo
Largo da Roda em Vila do Conde
O Café Lunalta
No Carvalhido no Porto
O Café Laguna
Estrada do Miguel – Gondomar
O Beira-rio (Clube)
Nos Guindais, na marginal do Douro
O Beira Douro
Na rua Mouzinho da Silveira - Porto
O Quatro Folhas
Na rua de Serralves no Porto
Restaurante O Escritório
No Lugar da Granja - Alto da Maia
Restaurante O Telefone
No Monte da Virgem – V. N. Gaia
O Pancinha Cheia
Rua Alto das Torres – V. N. Gaia
Café O Mariposa
Moreira da Maia — Maia
Casa Típica D. Miguel
Na rua S. João Novo no Porto
Gril’s Bar
R. Nova Lisboa - Madalena - Gaia
Bar O Friks
Em Negrelos — S. Tirso
Sinatras Cafetaria
Na rua Entreparedes, 37 no Porto
Cozinha dos Lóios
Rua dos Caldeireiros no Porto
Restaurante Casa Vale
Rua S.ª da Luz na Foz — Porto
Solar dos Paivas
Av. Gustavo Eiffel, 244 no Porto
Café Cosmopolita
Em Parada na Maia
Restaurante O Francês
Em Oliveira do Douro — V. N. Gaia
Churrasqueira de Soutelo
Av. D. João II Rio Tinto - Gondomar
Café Restaurante O Hildebrando
Largo da Feira em Santo Tirso
Clube de Caçadores
Em Sendim — Matosinhos
Restaurante O Postigo
Em Terra Monte
Sede do Rancho de S. Mamede
Em S. Mamede de Infesta
Café Snack-bar A Paelha
Travessa Sº. Isidro no Porto
Restaurante O Sheik
Na Travagem em Ermesinde
O Flor de Paranhos
Rua Igreja de Paranhos no Porto
Restaurante O Marinho
Perafita em Matosinhos
Restaurante O Fontão
Lavra em Matosinhos
O Lisbonense (Clube)
Rua do Godinho em Matosinhos
Restaurante Pavilhão
No Palácio de Cristal
O Castiço da Sé
Rua da Banharia, 80 no Porto
Café Portugal
Na rua de Trás no Porto
Café Mundial
Na rua da Madeira no Porto
Café Invicta
Na rua Entreparedes no Porto
Café Bristol
Em Alexandre Herculano no Porto
Retiro Ponte da Pedra
Ponte da Pedra na Maia
Café Farol
Edifício dos Fenianos
Café Academia
Na Av. Dos Aliados no Porto
Café Monumental
Na Av. Dos Aliados no Porto
O Escondidinho
Rua Alexandre Herculano Porto
Restaurante Junqueira
Em Fanzeres — Gondomar
A Fonte da Hera
Em S. Mamede do Coronado
Restaurante Administrador
Na Rua Serpa Pinto, 188 – Porto
Restaurante Pigalle
Rua S. Condestável – Vermoim
Solar das Fontainhas
Rua Alexandre Herculano Porto
Restaurante A Lareira
Rua B. Voluntários em Fão
Restaurante Conde
Av. Do Conde — S. Mamede
Restaurante Arcadas do Infante
Rua Alexandre Herculano Porto
Café o Refugio
Senhora da Luz na Foz – Porto
Clube dos Fadistas
Milheirós na Maia
Restaurante Agostinho
Rua Direita em Leça da Palmeira
Restaurante o Franguinho
R. Godinho Faria em S. M. Infesta
Adega Regional Batemuma
R. Óscar da Silva em Leça da Palmeira
Café Alves
Em Parada, Águas Santas - Maia
Restaurante O Rampinha
Em Vila do Conde
Restaurante a Rendelheira
Em Vila do Conde
Restaurante Leixões
Junto ao Estádio do Leixões
Farmácia Campos
Em Matosinhos
Adega Matos
Ponte Pereiro – Pedroso
O Columbófilo
Mafamude – V. N. de Gaia

Pág.39 (continua)

agosto 29, 2008

PARABÉNS


MANUEL RUSSO
Passou ontem mais um aniversário natalício, o fadista Manuel Russo.
Mesmo começando tarde nestas andanças da fadistice, Manuel Russo sabe aproveitar bem o tempo e a sua voz, onde impõe uma melodia agradável de se ouvir. Tem actuado em diversos locais onde o fado acontece e é muito solicitado pelo seu estilo de cantar. Gravou em 2002 o seu primeiro CD.
Parabéns Manuel Russo

FADO NO PORTO


JOAQUIM BRANDÃO
VIVES NO MEU PENSAMENTO / 2003

Não me sais do pensamento
Tu andas sempre comigo
A cada hora e momento
Meu amor falo contigo

Para te ver a fingir
Basta meus olhos fechar
E tu lá vens a sorrir
À minha mente a brincar

À noite sonho contigo
E adormeço num beijo
Mas durmo p’ra meu castigo
Num sono feito desejo

E quando me ponho a pé
Lá começa o meu tormento
Um beijo sabe a café!
Não me sais do pensamento

À JANELA DO FADO (Livro)

(continuação)

CASAS ONDE O FADO MOROU
(A ordem é aleatória)


Casa de Pasto O Pepino
Cimo do muro da Ribeira
Adega Vila Meã
Na rua dos Caldeireiros no Porto
Adega O Carvoeiro
No Largo Actor Dias no Porto
A casa do Adriano
Pedrouços, Águas Santas na Maia
Snack-bar O Me-kuy
Na rua de Santos Pousada no Porto
Adega As Colunas
Na rua S. Bento da Vitória no Porto
Arcadas D. Vaz
Em Miragaia no Porto
Restaurante O Adalberto
Na rua de Noeda no Porto
Casa Típica A Vossa Casa
Na rua de Sá Noronha no Porto
Casa Típica A Candeia
Na rua do Almada no Porto
Casa de Fado O Requinte
C. Comercial da Boavista no Porto
Café Snack-bar O França
Na estrada do Miguel em Fanzeres
Restaurante Típico O Mal Cozinhado
Nasceu no Largo da Maternidade
Depois no Passeio Alegre na Foz
Por fim rua do Outeirinho no Porto
O Flor de Touta
Estrada de D. Miguel - Gondomar
Café Lisboa
Estrada de D. Miguel - Gondomar
Adega Típica D. Fafe
Na rua de Costa Cabral no Porto
O Marceneiro
Solar das Caves
O Rabelo
O Sanatório
Av. Diogo Leite, 402 V. N. de Gaia
A Madrugada
Trav. Da Ponte Nova no Porto
Bar O Lampião
Na Travessa de Cedofeita no Porto
Snack-Bar Tácebem
R. Alfredo Cunha - Matosinhos
Churrasqueira da Estação
Junta à estação em Rio Tinto
Grupo D. M. Aventino
R. Manuel Carqueja no Porto
Café D. Miguel
Estrada de D. Miguel - Gondomar
A Casa da Fininha
Em Monchique - Miragaia no Porto
Restaurante Típico A Taberna S. Jorge
No Passeio das Virtudes no Porto
A Cozinha Real do Fado
No Infante e depois R. Sá Bandeira
Restaurante Típico O Fado
No largo de S. João Novo no Porto
Snack-bar A Bruxa
Na rua da Alegria no Porto
O Porto à Noite
Na Arrábida no Porto
A Casa Helena
Na rua de Lindo Vale no Porto
Adega As Areias
Na rua das Areias no Porto
Restaurante O S. Nicolau
Na rua de S. Nicolau no Porto
Restaurante O 39
Na rua da Meditação no Porto
Casa O Felisberto
Em Campanhã no Porto
O Veleiro e depois o Refugio do Heroísmo
Na rua do Heroísmo no Porto
Restaurante A Trave Negra
Na rua Antero de Quental no Porto
Restaurante O Kilumba depois Bom Garfo
Rua Bento J. Caraça em Ermesinde
Adega Típica O Retiro da Linha
Rua de Francos no Porto
Adega Típica A Lareira do Sol
Na rua do Sol no Porto
Adega Casa Chaves
Na rua da Torrinha no Porto
A Taberna da Serra
Alto da serra de Valongo
Casa da Mariquinhas
Rua S. Sebastião, 25 na Sé – Porto
O Pátio da Mariquinhas
Rua S. Sebastião, 35 na Sé – Porto
Sede do Esperança
Na Rua Comércio do Porto - Porto
Casa A Viúva
Na Rua Comércio do Porto - Porto
Adega Peixoto
Na Rua da Ponte Nova no Porto
O Bebe e Cala
Na rua Álvaro de Castelões no Porto
O Molha o Bico
Na rua Álvaro de Castelões no Porto
Café Belmar
Na rua Álvaro de Castelões no Porto
Restaurante O Vitinho
Rua do Rio na Areosa no Porto
Restaurante Topa
R. Do Paço em Aguas Santas
O Chico das Taipas
Na rua das Taipas no Porto
O Restaurante o Chico
No Alto da Maia em Ermesinde
Churrasqueira do Norte
Na Travagem em Ermesinde
O Churrasquinho
Na Gandra em Ermesinde
O Cantinho da Teresinha
Na rua de Cedofeita no Porto
A Petisqueira do Largo
Em S. Mamede no Ameal
A Petisqueira do Cantinho
Em S. Mamede junto à igreja
As Grutas de Santo António
Rua Capela do Telheiro, S. Mamede
Café Snack-bar O Pisco
Na rua do Campo Lindo no Porto
Restaurante Pedra Verde
Em Pedra Verde - S. Mamede
Adega O Buteco
Na rua D. Manuel II no Porto
Restaurante Típico O Moleiro
R. Alfredo Cunha, 139 em Matosinhos
Restaurante O Primus
Rua Novais Cunha – Gondomar
O Flor de Infesta
No centro de S. Mamede
A Tasquinha do Carrasco
Rua Tomas Ribeiro em Matosinhos
Café Bar O 3+2
No C. Comercial das Antas
A União de Massarelos
Em Massarelos no Porto
O Maldoror-Bar
Em Cedofeita no Porto
Snack-bar o Copo
No centro de Matosinhos
O Repuxo do Eduardo
Na rua das Antas no Porto
O Dragãozinho
Nas Antas, Porto
A Tasca do Zé
No Alto de Vilar — Ermesinde
Lisboa à Noite
Rua do Infante, 35 Porto
Juventude do Ouro
No Ouro, junto ao Douro – Porto

Pág.38 (continua)

agosto 28, 2008

SAUDADE


PARTIU ONTEM, MANUEL SIMÕES
O editor discográfico Manuel Simões, que lançou nomes do fado como Alfredo Marceneiro e Anita Guerreiro, morreu ontem, aos 91 anos, em Lisboa, anunciou a Associação Portuguesa dos Amigos do Fado.
Natural de Pedrógão Grande, Manuel Simões tornou-se empresário em 1934, tendo inaugurado a sua própria fábrica de discos na década de 1950, em Vila Franca de Xira. Francisco José, Maria de Lourdes Resende, Tristão da Silva, Berta Cardoso, Casimiro Ramos, Maria José da Guia, maestro Belo Marques, Argentina Santos, Alfredo Marceneiro, Anita Guerreiro, Manuel Fernandes, José António, Maria Antonieta e Manuel de Almeida foram alguns dos artistas que editou.
A partir dos anos 60, Manuel Simões dedicou-se praticamente, em exclusivo, ao comércio a retalho de discos, na Discoteca do Carmo, em Lisboa, já desactivada. Era proprietário de uma loja de discos vocacionada para o fado, na Rua do Ouro, e do calhambeque que se tornou ícone turístico na Rua do Carmo.
À gravação de discos, Manuel Simões regressou nos anos 90, designadamente com conjuntos de guitarras liderados por Arménio de Melo e Paulo Parreira.
O corpo do editor, da “Estoril Discos”, será velado hoje na Igreja de S. João de Deus, em Lisboa.


Fonte: JN

FADO NO PORTO


AIDA ARMÉNIA
UM FADO PARA VÓS / 2003

Eu dou aos fados que canto
A magia do encanto
Que me vem da minha voz
Cantando menos padeço
E com carinho ofereço
Meus fados p’ra todos vós

É condão que o fado tem
Se choro, chora também
E cantando sou feliz
Com a voz que Deus me deu
E o sentir que lhe dou eu
Canto ao povo, ao meu pais

É minha vida meu fado
Meu poema meu recado
Que canto p’ra não chorar
O fado nasceu comigo
Em meu peito tem abrigo
Hei-de morrer a cantar

À JANELA DO FADO (Livro)

(continuação)

VIOLISTAS DO PORTO


Acácio Felgueiras

Adriano Barbosa

Alexandre Santos

Alfredo Riça

Álvaro Rente

Américo César

Américo Silva

Américo Rocha

André Teixeira

Ângelo Jorge

Anselmo Pinto

António Cardoso

António Mendes

António Reis

Armando Lopes

Armando Moiteira

Arnaldo de Abreu

Augusto Dolores

Augusto Navarro

Cândido Martins

Castro Silva

Delfim Queirós

Domingos Rocha

Eduardo Almeida

Eduardo Macedo

Fernando Coelho

Fernando Martins

Flávio Teixeira

Franclim Simões

Gracindo Costa

Henrique Pinto

Hernâni Vicente

Hipólito Novais

João Cruz

Joaquim dos Anjos

Joaquim Felgueiras

Joaquim Miranda

Jorge Barradas

Jorge Serra

José Cardoso

José Martins

José Saraiva

José Severino

Lourenço Zara

Manuel Carvalho

Manuel Teixeira

Mário Lopes

Mário Mota

Mário Reis

Miguel Costa

Miguel Gonçalves

Nel Garcia

Paulo Faria de Carvalho

Pedro Machado

Rafael Carvalho

Raul Rocha

Reis da Silva

Tony Gomes

Vítor Peixoto



Pág.37 (continua)

agosto 27, 2008

LETRISTAS DO PORTO


AUGUSTO JOSÉ
Augusto José, um dos decanos fadistas da nossa cidade, é também um autor consagrado de muitas letras bonitas e de grande sensibilidade, sobretudo de uma métrica rigorosa e com muita preocupação nas tónicas. Como exemplo, vejam as letras: “Mãe a minha estrela” na voz de Carlos Reis e recentemente gravado por Alberto Alves, ou mesmo “Tripeiro de Gema” e “O Senhor fado” que Filomeno Silva tão bem soube recriar.

FADO NO PORTO


ROSITA
FADOCANTO / 2003

Trago fado no peito como alento
Junto ás minhas coisas mais secretas
Dou-lhe a minha voz cantando ao vento
Palavras mais sentidas dos poetas

Foi fado o meu nascer ó minha mãe
Foi fado amores que tive e vi morrer
É fado o meu viver sem ter ninguém
Será fado o meu fim quando vier

Meu modo de cantar este meu jeito
Nasceu comigo numa tarde calma
Por isso trago fado no meu peito
E canto quando a dor m’invade a alma

É fado a minha voz que por encanto
Te leva esta mensagem plangente
É fado este sentir que t’amo tanto
E dize-lo cantando a toda a gente

À JANELA DO FADO (Livro)

(continuação)

GUITARRISTAS DO PORTO


Acácio Gomes

Adão Pereira

Adão Pinto

Afonso Pinto

Alexandre Brandão

Álvaro Martins

Álvaro Rente

Amável Carneiro

Américo Silva

António Almeida

António Coelho Júnior

António Costa

António Ferreira

António Maria Velho

Arménio de Melo

Armindo Fernandes

Augusto Mandim

Augusto Martins

Carlos Guedes

David Silva

Dinis Sobreiras

Edgar Guides

Eduardo Jorge

Fernando Martins

Fernando Santos

Francisco Seabra

Guilherme Mendes

João de Ramalde

Joaquim Cardoso

Joaquim Fernandes

Joaquim Martins

José Alves Pinto

José Augusto

José Batista

José Cavalheiro Júnior

José Fontes Rocha

José Loureiro

José Martins

José Miranda

José Moreira

José Nunes

Lauro de Oliveira

Manuel Alves

Mário Belo

Manuel da Costa

Manuel dos Santos

Manuel Rego

Manuel Só

Manuel Vales

Manuel Ferreira

Márcio Guitarra

Mário Henriques

Miguel Amaral

Neca Lopes

Nelito Marques

Paulo Gomes

Pedro Simões

Rolando Teixeira

Samuel Cabral

Samuel Paixão

Serafim Neves

Serafim Lemos

Tavares Barreto

Valdemar Vigário


Pág.36 (continua)

agosto 26, 2008

LETRISTAS DO PORTO


CARLOS TÊ
Carlos Alberto Gomes Monteiro (Carlos Tê) nasceu em Cedofeita no Porto, em 14 de Junho de 1955. Licenciou-se em filosofia na Universidade do Porto e tornou-se notado com a edição do álbum “Ar de Rock” de Rui Veloso, para o qual deu a sua contribuição como letrista. Escreveu também para grupos como: “Os Trovante”, “Clã” ou “Jafumega”. Carlos Tê foi igualmente cantor, como demonstrou no álbum "A Voz e a Guitarra". Em tempos chegou a referir que desejava dar asas a um projecto musical denominado “Pepsonautas” mas que não chegou a ser concretizado. Foi no entanto, um dos conspiradores do projecto “Cabeças No Ar” que veio a dar origem a um musical.
Carlos Tê escreveu para o jornal “Público” uma série de crónicas, que marcaram a sua presença todos os meses, entre 1991 e 1994, no caderno Local do referido jornal. Nos últimos anos tem sido uma presença assídua como cronista no semanário “Expresso”. Colaborou em revistas de poesia “Avatar”, “Quebra-Noz” e “Pé-de-Cabra”, editadas no Porto entre 1978 e 1981. Tem um romance publicado “O Voo Melancólico do Melro” e três contos “Contos Supranumerários” (edição de Abril de 2001).
Portista ferrenho, foi um dos “Moderados de Paranhos” que em 2003, lançaram o single "Um Pouco Mais de Azul". Carlos tê é sem duvida um dos autores do Porto que mais anda na boca do povo jovem, com temas com “Não há estrelas no céu” ou “Porto sentido” que muitos fadistas adaptaram para o fado, embora Nuno da Câmara Pereira ou mesmo José Manuel Barreto, tenham gravado um dos seus temas mais bonitos para fado “O Ladrão enamorado”.


FADO NO PORTO


MANUEL RUSSO
ANDA COMIGO AO FADO / 2002

Põe o teu vestido encarnado
Salto alto e meia de costura
Hoje vais amor comigo ao fado
Mete-me teu braço com ternura

Põe brincos de prata e o colar
Leva o xale branco bem traçado
Quero ver os outros desdenhar
Ao ver-te assim bonita a meu lado

Eu quero que saibas meu amor
O fado que meu peito tem escrito
Dizer-te assim cantando com ardor
Que tu és o meu fado mais bonito

Depois de madrugada, só depois
Voltamos então de braço dado
Cientes que rimamos bem os dois
Vivendo com amor juntos num fado

À JANELA DO FADO (Livro)

(continuação)

O Marques

Quanto ao Marques Costa, continua a chefiar o supermercado. Quase com 58 anos, esperava ansioso pela reforma antecipada, só que entretanto as leis da Segurança Social mudaram e ficou mais distante esse dia.
Continua a escrever para jornais e dedicou-se ainda mais ao cinema, inscrevendo-se como sócio da cinemateca do Porto.
Como tem os filhos todos casados, concretizou um sonho à muito adiado, converter uma das salas lá de casa na sua videoteca/biblioteca. Com estantes à medida, dispôs os seus autores preferidos por ordem, desde Al Alberto a Zola. Catalogou por ordem os realizadores que mais gosta, desde Almodôvar a Tarantino.
Num escaparate à parte, a que chama a estante dos génios, tem os dez filmes que considera serem os melhores do mundo. O curioso é que esta estante tem sempre doze, porque nunca consegue decidir quais são os dois que vai tirar. Conheço bem aquela dúzia de preciosidades:

Dr. Jivago
2001- Odisseia no Espaço
Ben-Hur
Lourence da Arábia
Rio Bravo
O Clube dos Poetas Mortos
Uma Ponte Longe de Mais
Era uma vez na América
Cinema Paraíso
Ladrões de Bicicletas
Amor sem Barreiras
Casablanca

Continua a frequentar as livrarias da baixa onde é muito conhecido, pelo gosto de andar informado das novas edições. Ainda há poucos dias, entrou numa livraria da zona do Marquês de Pombal, só para dizer ao senhor que fazia a montra na altura:
— Por favor, não ponham o José Saramago, entre os livrecos do Deco e do Mourinho, é uma ofensa ao prémio Novel.
Continua a ser amigo do Márcio, mas carrega uma grande desilusão, por não aprovar o que se passa entre ele e a Lucinda. Afina, ele é o causador da separação dela, e quase da dele, com a sua mania de Casanova.
Vai escasseando as suas idas ao Xaile d’Ouro, sente-se constrangido, ao ser involuntariamente cúmplice da relação do Márcio com a Lucinda.

A Lucinda



A última vencedora do concurso, porque a 2ª edição estava quase a realizar-se, foi a única das quatro nossas conhecidas, que faz carreira a cantar o fado.
A Lucinda depois do seu primeiro CD, que aliás, chegou a estar no topo de vendas da Nordisco, prepara-se para entrar em estúdio para a gravação do seu segundo trabalho. Assinou contrato com uma casa típica de fado da nossa cidade, onde canta três dias por semana. Tem ainda a agenda completa com espectáculos, dois dos quais, para as comunidades portuguesas do Canadá e Austrália.
Tudo isto teve um preço, o divórcio. O marido separou-se, quando soube da relação íntima que ela teve com o Márcio, aquando da sua estada na Alemanha no curso sobre o TGV.
Ele pediu transferência na CP, para a fronteira de Vilar Formoso. Hoje, ninguém lhe fale de fado...
Ela reside agora num apartamento, para os lados do Monte dos Burgos, onde o Márcio a visita com regularidade.
Márcio Cunha fez em Fevereiro cinquenta e sete anos. À boa reforma da C.P. (que atingiu por tempo de serviço), junta alguns proventos dos rendimentos prediais que possui na Amarante e que herdou dos pais. Vive assim bastante desafogado na sua vida normal, a par da clandestina que agora leva com a Lucinda.

É assim a vida...

Tudo isto existe!
Tudo isto é triste!
Tudo isto é Fado!


Pág.35 (continua)


agosto 25, 2008

PARABÉNS

ROSITA

Passa hoje mais um aniversário natalício, Rosa Ferreira da Costa (ROSITA), natural de Valadares – Vila Nova de Gaia.
Desde muito jovem que se sentiu atraída pela música, fez parte do grupo de teatro e do Orfeão da sua paróquia. Ao fazer parte do coro que se exibiu no Clube Fenianos do Porto, não passou despercebida ao Maestro Resende Dias, que a levou a fazer vários programas na Emissora Nacional. Assim começou a sua carreira profissional, com passagem pelo celebre programa de Fernando Gonçalves “Festival”, sendo desde essa altura, muito solicitada para actuar em espectáculos.
Rosita tem várias gravações quer em vinil, quer em CD, poetas como José Guimarães, Manuel Carvalho, Manuel Guimarães, Alice Barreto e compositores como José Cid, António Sala, Tozé Brito, escreveram para o seu repertório.
Rosita tem muita honra em se afirmar “Gaiense” de gema, e “tripeira” por afinidade. Possuidora de uma voz invulgar, a Rosita apesar disso, é uma mulher simples com fortes laços à familia, mas que continua a actuar em imensos espectáculos no pais e no estrangeiro.
Parabéns Rosita!

Os parabéns de hoje, são extensivos a Lurdes de Sousa, companheira de cantigas desse “perfeito animal de palco” que é o Rei da alegria, Manuel Morais.




FADO NO PORTO


FILOMENO SILVA
UM LEVE GOSTO A PECADO /2002

És na vida a minha sina
Tu és um sonho de Deus
Que minha alma ilumina
E alegra os olhos meus

O teu olhar meigo e doce
Duma doçura divina
E mesmo que assim não fosse
És na vida a minha sina

Um leve gosto a pecado
Têm teus lábios nos meus
Tu és na vida o meu fado
Tu és um sonho de Deus

O teu corpo me seduz
Tudo em ti me fascina
Mau amor tu és a luz
Que minha alma ilumina

Nos dias em que não dás
De beber aos lábios meus
È a saudade que traz
A tristeza aos lábios meus

À JANELA DO FADO (Livro)

(continuação)

Um Ano Depois...


A Lígia e o Maciel


A Lígia ainda vive no Bairro do Ameal, agora com o marido e grávida de sete meses. Como é bom de ver, anda eufórica e só anseia pelo grande dia.
A D. Ludovina descansa em paz no cemitério de Paranhos, à mais de meio ano. Não assistiu ao casamento da filha com o Maciel. Lígia diz: “No lugar onde está, minha mãe vela por mim, será o meu anjo da guarda”.
Leva uma vida razoável, fez um acordo com a fábrica de calçado e despediu-se, as amigas ainda lhe telefonam para saberem novidades e opinarem sobre a gravidez.
O Maciel continua a escrever nas horas vagas, letras para fado e tem muita livraria. Trabalha por conta própria numa oficina que alugou junto com um colega de profissão, para os lados de Moalde em S. Mamede de Infesta. Podia correr melhor o negócio, não fora o aumento dos impostos e da matéria-prima. Trabalha muitas horas para equilibrar as finanças.
Aos fins-de-semana, não falham no Xaile d’Ouro, tem mesa sempre reservada. Ela continua a cantar, diz que é só até ter o bebé. Tem na sala lá em casa, um cantinho reservado ao fado, onde guarda as lembranças que tem recebido por cantar. Em destaque, estão o trofeu do 3º Lugar que ganhou no concurso, e o xaile que levou nessa noite, decora a parede nesse canto.
Ainda vão, sempre que podem, jantar ao mesmo restaurante onde se encontraram, ela sempre bonita e penteado pela Laurinha. Ele anda muito mais feliz, a Lígia é o farol que alumia o seu caminho, a musa das suas composições poéticas. Agora o Maciel acredita, que a felicidade existe, é preciso procurá-la, mas também é uma questão de sorte, de sina, de fado e... cada um teu o seu.



A Leonor, a Lizete e o Martinho


A Leonor, encontra-se de momento, a estagiar numa sociedade de advogados, namora há pouco tempo com um dos sócios, filho duma figura de prestígio da magistratura no Porto.
Continua a viver com a mãe e a frequentar com ela, quando tem tempo, o lindo estádio do Dragão. Foram fervorosas apoiantes da selecção nacional, durante o Euro 2004. Esta paixão pelo futebol é hereditária, vem-lhe do pai que jogou no Salgueiros, ela é que não sabe, porque a mãe nunca lhe contou a história verdadeira...
Deixou à muito de cantar o fado, a última vez que o fez, foi na festa de final do curso. Embora muita gente lhe peça para voltar, ela diz ser incompatível com a vida que agora leva, a sua carreira é mais importante.
Acredita no futuro e está muito entusiasmada com a sua nova vida de advogada, então a mãe anda feliz como nunca, não só por isso, mas... é que a Leonor habituou-se a chamar ao Martinho padrinho, ou não fosse ele, que representou o pai na bênção das pastas no pavilhão dos desportos no Palácio de Cristal. Chegou mesmo a estar presente, no baile de gala na Faculdade de Direito.
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Quanto ao Martinho, continua ao fim deste tempo a viver uma vida dupla, tanto ele como Lizete, são discretos ao máximo. Ele não abdica da sua vida familiar calma e pacata, ela adora viver este amor oculto na sombra, numa neblina de mistério, envolto num véu de volúpia e sensualidade, que lhe dá um sabor sempre renovado.
Lizete assumiu esta posição de ser a outra, sem o mínimo de escrúpulos, numa visão de vida alegre e descontraída, sem remorsos ou fantasmas do pecado venial. Depois é uma questão de hábito, e ser a outra, passa a ser uma opção de vida ás vezes privilegiada.
Ao longo deste último ano, Martinho recebeu convites para colóquios em Lisboa sobre a temática do fado, em que esteve presente, sempre acompanhado pela Lizete, durante dois fins-de-semana de sonho.
Como a empresa litográfica onde trabalha, tinha em vistas a aquisição de uma impressora digital para grandes formatos, tiveram que enviar ao Japão um colaborador da firma, não só para se inteirar do funcionamento da mesma, mas também para fazer uma prospecção de mercado, para a importação de matéria-prima mais rentável, em termos de custos e qualidade. Claro que o mais qualificado na empresa para tal tarefa, era o Martinho. Foi o pretexto que faltava, para a Lizete tirar o seu passaporte e marcar umas férias de sonho para Setembro. Tinham encontrado mais um pedaço puzzle da felicidade que adornava as suas vidas.
Três vidas, três destinos, três fados.



A Lara e o Marcelo




Durante dois meses o marido de Lara, só vinha a casa aos fins-de-semana. Por opção e para melhorar o seu nível de vida, tinha aceitado o convite para trabalhar em Bragança, por fim, aproveitando as férias escolares do Matias, arranjou casa e mudou-se para lá com a família. Vivem agora mais desafogados e adaptaram-se facilmente à nova comunidade.
O Mendes anda feliz, mesmo em estado de graça, principalmente desde que a família aumentou. É verdade, a Lara deu à luz uma menina muito bonita no dia de Natal, a quem pôs o nome Marcela, vamos lá saber porquê! O Mendes fez-lhe a vontade embora achasse que Natália era o mais adequado.
Lara não vê o Marcelo há muito tempo, guarda no cofre que tem no peito, o segredo do seu amor e principalmente aquela maravilhosa tarde de Março.
Nunca mais cantou, mas continua a ler poesia.
Recebeu pelo seu aniversário, mais um livro de poesia que lhe enviaram com saudades, os velhinhos do Centro de Dia de Campanhã. Era o terceiro publicado por Olecram, com prefácio de Sérgio Marques e que já vai na 2ª edição. Mas… Numa nota do editor, lesse:
... (Este é infelizmente, o último livro deste poeta de grande valor. Não fui capaz de o demover da decisão de abandonar a escrita. Assim, a pedido do autor, revelo neste intróito o seu verdadeiro nome, uma vez que Olecram tinha sido adoptado como seu pseudónimo. Devem os leitores, lerem este anagrama ao contrario e depressa onde concluir, que se trata de Marcelo, o Marcelo Couto que tantas letras deu ao fado, e não só).
E foi assim, que a Lara ficou a saber que os versos que tanto gostava, eram afinal do seu amor. Guarda aqueles três volumes religiosamente, porque um dia, uma menina muito bonita há-de lê-los e decerto, irá gostar tanto, ou muito mais que ela.

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A senhora arquitecta Leonilde, filha de Marcelo, está para casar.
Sua mãe, Lúcia, sempre foi uma senhora muito discreta, e mesmo desconfiando de qualquer relação extra conjugal que o marido pudesse ter, esperou com paciência, que Marcelo apagasse essa ilusão, que sempre achou ser passageira. Claro que nunca lhe passou pela ideia de quem se tratava. Vivem uma vida normal, sem nunca tocarem no assunto que virou tabu.
Marcelo ao perder de vista a musa dos seus versos, resolveu nunca mais voltar a escrever poesia, dando conhecimento ao seu editor desta decisão. Não a tomou de ânimo leve, foi apenas numa tentativa poder esquecer de vez esse amor impossível.
Mas... Bem dentro de sua alma, Marcelo sabe que nunca há-de conseguir, por isso vai escrevendo em silêncio, a dor duma saudade cada vez maior. Recorda momentos vividos como nítidas miragens, sonha com outros que nunca teve, e vai vivendo com o doce fantasma da sua existência.
Como escreveu Leopoldino Serrão no prefácio do livro “Miscelânea” de Américo Teixeira Moreira (Edição da Sociedade Editorial Noticias da Beira Douro – 2004): ... (Assim, agora e sempre – apetece dizer –, por toda a eternidade, é que os poetas são os únicos que conseguem coabitar, coexistir e dialogar com fantasmas.)...


Pág.34 (continua)

agosto 24, 2008

LETRISTA DO PORTO


JOAQUIM LOPES
Joaquim Lopes, nasceu em Olival, V. N. Gaia, a 2 de Julho de 1950, possui uma basta obra de letras para fado, tendo a sua esposa como a mais fervorosa divulgadora, a fadista Carolina Lopes. É ainda autor do livro de poemas editado em Setembro de 2005 “Poesia de Verdade”, onde destaco o poema “Vi chegar a madrugada” que demonstra a sua sensibilidade para verdadeiro sentir do fado.

FADO NO PORTO



NELSON DUARTE

ANOS DE CASADOS / 2002


Hoje fazemos anos de casados
Trago rosas vermelhas p’ra te dar
E um molho de beijos perfumados
Pelo prazer que tenho de te amar

Cá vamos pela vida a caminhar
Sempre de mãos dadas companheira
Os filhos são o sal p’ra temperar
Este nosso amor p’ra vida inteira

Chamou-nos o destino quando quis
Juntar duas vidas num só fado
E fez de mim o homem mais feliz
Por te ter a ti sempre a meu lado

Bendito seja a hora em que te vi
Grato por na vida seres meu par
E por ainda gostar tanto de ti
Trago rosas vermelhas p’ra te dar

À JANELA DO FADO

(continuação)

A Apoteose

Eram 3h15 da madrugada, quando os 20 concorrentes do certame, subiram ao palco para se proceder à leitura da classificação e posterior entrega dos prémios, aos três melhores classificados masculinos e femininos.
Foi também pedida a presença em palco, das identidades convidadas para fazerem a entregas dos prémios.
A apresentadora Isabel Borges, agora em parceria com Albérico Pereira, começou por ler os nomes a quem foram atribuídos os terceiros lugares na votação final dada pelos júris. E foi assim:
O 3º Lugar masculinos foi par o concorrente n.º 12, Emílio Mourão com 36 pontos, em representação do Grupo Desportivo de Valongo.
O 3º Lugar femininos, foi para a concorrente n.º 17, Lígia Coutinho com 44 pontos, que veio representar o Clube Montiagra do Ameal
A Sr.ª Conservadora do Museu do Fado do Porto procedeu à entrega dos prémios, entre aplausos e vaias (como é sempre costume nestas coisas!).

O 2º Lugar masculinos foi para o concorrente n.º3, Alísio Gomes com 40 pontos, que esteve em representação do Grupo Dramático do Monte Aventino.
O 2º Lugar femininos, foi para a concorrente n.º 18 Leonor Cruz que obteve 46 pontos, e veio representar o Clube do Fado do Porto.
Foi grande a ovação na sala, enquanto o Director da Rádio Invicta e o proprietário do Xaile d’Ouro, entregavam os respectivos prémios.

Estava para chegar o momento mais esperado da noite. A atribuição dos primeiros lugares.
E a voz da apresentadora fez-se ouvir:
— O concorrente masculino que ganhou este grande prémio do fado, uma organização do Clube do Fado do Porto, obteve 46 pontos e foi o representante da União Desportiva da Sé, o concorrente n.º 14, Firmino Viana.
Enorme alvoroço correu na sala, com bravos e vivas à mistura com grande parte da plateia de pé.
Logo a seguir o silêncio, toda a gente queria ouvir qual foi a fadista escolhida desta grande noite.
— A primeira classificada, com a pontuação máxima (50 pontos), considerada a rainha do fado desta noite, foi a concorrente n.º 19 que representou a Casa Xaile d’Ouro, Lucinda Cardoso.
O Coliseu foi ao rubro e entre os aplausos, ouvia-se o nome da vencedora: – Lucinda! Lucinda!
O representante da Nordisco dava os parabéns aos dois fadistas, enquanto lhes fazia a entrega dos contratos para agravação dos seus primeiros CD’s.
O mesmo procedimento teve sua Exa. O Sr. Vereador do pelouro da Cultura da Câmara do Porto, ao fazer a entrega dos troféus atribuídos ao 1º lugar masculino e feminino na 1ª Grande Noite de Fado do Porto.
Albérico Pereira pediu atenção para dizer:
— A organização entendeu atribuir um prémio extra, a que chamou: “Prémio simpatia no Fado” e que fica prometido para todos os anos, em que este certame se realize. Assim, este primeiro ano a eleita para receber este prémio, foi a concorrente nº 16 que veio em representação do Centro de Dia de Campanhã, Lara Couto.
Mais aplausos se ouviram, enquanto de procedia à distribuição de lembranças aos restantes catorze concorrentes, considerados todos em 4º lugar com igual valor.
O festival tinha terminado, os apresentadores despediram-se agradecendo a árdua tarefa do júri e presença de todos, com votos de bom Domingo e um: “ATÉ AO ANO!”.

Lara ainda em palco, pediu a Marcelo se a levava com o marido e o filho a casa, pois o Mendes tinha vindo directo da Estação e não tinha trazido o carro.
No átrio, alguns elementos do júri, ainda comparavam pontuações.
Curiosamente por unanimidade, todos tinham dado à Lucinda a nota mais alta, 10 Pontos, por isso obteve o máximo de 50 no total.
Outra curiosidade, embora previsível, tinha sido na dicção e no estilo, que se encontraram as mínimas diferenças entre as nossas quatro fadistas.
Era muito tarde e a noite estava fria.
Depois das despedidas, em pouco tempo o Coliseu ficou deserto e de luzes apagadas.
A rua Passos Manuel, encontrava-se envolta numa leve neblina. Das árvores pingavam pequeninas gotas de orvalho, e haviam halos brancos em redor dos candeeiros de luz amarela da rua.
A madrugada estava a chegar ao fim, a cidade entrava no patamar do novo dia.


AMO O MEU PORTO


Eu hei-de fazer-te um fado
Com o mais lindo poema
E a melodia mais bela.
Todo em ti inspirado
Tendo o amor como tema
E um cheirinho a viela.
Ponho no cantar semente
De cravos de rubra cor
P’ra mostrar a quem não sabe
Qu’esta cidade esta gente
Tem fado feito de dor
Por amar a liberdade.
De Campanhã a Aldoar
Há um poema perfeito
Por esta cidade inteira
A madrugada a cantar
Acorda o Douro com jeito
Num dos pregões da Ribeira
E ao som deste trinado
De tão doce suavidade
Eu juro que sou feliz
Pois aqui também há fado
Amo o Porto esta cidade
Que deu nome ao meu País.

Pág.33 (continua)

agosto 23, 2008

LETRISTA DO PORTO


SALAZAR SILVA
Salazar Silva, fadista e letrista de reconhecido valor, embora polémico com suas letras de cariz religioso, ou contendo mensagens intervencionistas. Deixou-nos dois EP’s gravados na “Alvorada” na década de 70. No primeiro, ressalta o tema “Menina namoradeira”, assim como no segundo, o tema “Vassourinha” (uma criação do saudoso Manuel Fernandes). Em 1989 gravou na Horizonte o LP “ALERTA” com temas totalmente de sua autoria, onde se destaca o mais ouvido nas rádios “Senhora de Fátima”. Partiu prematuramente há 10 anos, no dia 12 de Abril de 1998.

FADO NO PORTO


EDUARDO ALÍPIO
VIDA E SORTE /1997

Meus sonhos já desfiz
A esp’rança de ser feliz
Minha mãe, eu já perdi
A fé, não tenho em ninguém
E a sorte minha mãe
Eu juro que nunca a vi

Esta alegria aparente
Vem mostrar a toda a gente
Uma vida feita a rir
Ás vezes uma charada
Faz-nos rir à gargalhada
Levando a vida a fingir

Estar só é um tormento
A vida nesse momento
Dói tanto que mete dó
Mas a pior solidão
E quando entre a multidão
Um homem se sente só

Talvez seja o destino
Que vem com nós de menino
E nos segue até à morte
Cada um tem o seu fado
Tem que ser contrariado
Mas é preciso ter sorte

À JANELA DO FADO (Livro)

(continuação)

Márcio Cunha sentiu os olhos húmidos, tentou disfarçar mas não consegui, porque a voz embargou-se-lhe, ao tentar responder ao Marques que lhe dizia:
– Acho que está encontrada a grande vencedora desta noite.
— Calma! Calma! Ainda não se sabe. – Pedia o Marcelo.


————— * —————



O Mendes e o filho, encontraram-se com a Lara no corredor, depois das desculpas pelo atraso, de que Lara já era conhecedora, foram com o miúdo ao bar. O marido segredou-lhe:
— Estás muito bonita!... Temos que comemorar mais logo... Não me vais dizer que te dói a cabeça!
— Logo se vê, conforme a disposição. Devido à greve dos correios esta semana, hoje houve correspondência ao sábado, chegou uma carta registada de Bragança, duma firma qualquer de componentes para automóveis.
— Não me digas! Valha-nos ao menos isso! Uma coisa boa neste dia aziago. O Porto empatou, o comboio atrasou-se, não te ouvi cantar, já chegava...
— Mas que carta é essa, para ficares assim tão contente?
— Logo eu conto-te, se a resposta for positiva, tem a ver com uma melhoria de vida para nós.
Mendes deu-lhe um beijo na face e Matias com ternura, olhou-os a sorrir e abraçam-lhes as pernas.
Marcelo aproveitando o intervalo, aproximou-se do balcão e pediu um café.
— Então o Porto empatou! Como é?
— É verdade Marcelo, mas jogaram muito bem, só que as bolas não quiseram entrar. Mas ainda estamos 4 pontos á frente!
— E tu Matias, gostaste de ir à Luz?
— O estádio do Dragão é mais bonito... E depois foi muita confusão.
— Ò tio e a minha mãe que tal se saiu a cantar?
— Muito bem! Está uma fadista a sério.
— E muito bonita, não acha?
— Claro Matias, a tua mãe é sempre bonita...


————— * —————


No palco Isabel Borges começou por chamar um a um, mais sete convidados da noite, que cantaram:

Amélia Maria
Este meu amor secreto – de Manuel Carvalho
Longa Caminhada – de Ana madalena
António Passos
Sentir do fado – de Manuel Carvalho
Menino Órfão – de Carlos Bessa
Olga Duarte
Fado dor – de Manuel Carvalho
Lágrima – de Amália Rodrigues
Augusto Lopes
Sonho Perfeito – de Manuel Carvalho
O Riso – de Salazar Silva
Rosa Cruz
Morrer de saudades – de Manuel Carvalho
Fado primavera – de Pedro Homem de Melo
Manuel Russo
Anda comigo e o fado – de Manuel Carvalho
Sou vulgar – A. Fernando Alves
Margarida Lima
Meu Porto, meu Fado – de Manuel Carvalho
A Rainha do fado – de Alexandre Fontes

Era 01h30, quando a Isabel anunciou o 3º Intervalo desta noite já longa.



A Quarta parte




Esta quarta parte, era preenchida, aliás, como estava programado, com a actuação dos últimos dez convidados. A ideia, era haver tempo nos bastidores de consultar, somar as pontuações e decidir, sobre as classificações finais do concurso.
Samuel Cabral e Ângelo Jorge, fizeram a sua entrada no palco para o acompanhamento musical, seguidos do digníssimo apresentador Albérico Pereira, convidado especial para esta quarta parte, que foi chamando sucessivamente para cantarem:

Aida Arménia
Um Fado para vós – de Manuel Carvalho
Tempos antigos – de Neca Rafael
Manuel Barbosa
Não rezo há tanto tempo – de Manuel Carvalho
Um Fado feito ilusão – de A. Carvalho da Costa
Sandra Cristina
Sonhei um malmequer – de Manuel Carvalho
Porto sentido – de Carlos Tê
Filomeno Silva
Um Leve gosto a pecado – de Manuel Carvalho
Tripeiro de gema – de Augusto José
Rosina Andrade
Canção ao vento – de Manuel Carvalho
Parabéns Sr. País – de José Fernandes

Ninguém arredava pé apesar do adiantado da hora, além de continuarem a ouvir vozes maravilhosas do fado da nossa cidade, era grande a expectativa de saber os resultados do concurso.
A noite estava a chegar ao fim, Albérico Pereira continuou a apresentar os convidados que faltavam, chamando-os sucessivamente à presença do público para cantarem:


Joaquim Brandão
Vives no meu pensamento – de Manuel Carvalho
Bates tanto coração – de António Terra
Filomena Sousa
Maria do Douro – de Manuel Carvalho
Ronda do fado bairrista – de José Guimarães
Fernando João
Fadocanto – de Manuel Carvalho
Grito de Paz e Amor – de José Fernandes
Melanie
Louca loucura – de Manuel Carvalho
O Silêncio das palavras – de Nel Garcia
Augusto Fernandes
Sou aquilo que sou – de Manuel Carvalho
Tintim Amarelo – de Alice Barreto

Com a plateia do Coliseu ainda completamente cheia, Albérico Pereira anunciou o momento mais esperado da noite, a classificação do concurso, o que fez explodir na sala uma estrondosa ovação.

Pág.32 (continua)

agosto 22, 2008

LETRISTAS DO PORTO


NEL GARCIA

Nel Garcia, nasceu na cidade do Porto a 13 de Outubro de 1944. Nos anos 60 fundou o conjunto Nel Garcia de música popular Portuguesa, em 1963 gravou os seus dois primeiros discos. Possui uma centena de canções de música popular portuguesa, com letra e música de sua autoria. Em 1975 dissolveu o seu conjunto passando a interpretar viola de fado. Gravou com diversos fadistas do Porto, dezenas de fados de sua autoria, ora musicando letras de outros autores, ora escrevendo letras para músicas tradicionais de fado.
É sócio cooperador nº. 930 Da Sociedade Portuguesa de Autores. Participou na peça "Passa por Mim no Rossio" de Filipe Lá Féria, acompanhando artistas desde Rita Ribeiro a Simone de Oliveira. Acompanhou também os artistas de "Cabaret" de Filipe Lá Féria no teatro Politema. No teatro Nacional São João do Porto, tocou nas peças "Linhas Curvas Linhas Turvas" e "Arranha-céus" dirigido por Ricardo Paes. Também interveio na série "Major Alvega", assim como na "Severa" de Sérgio de Azevedo, "Tango, Rumba e Chá-Chá-Chá" de Pedro Trepa no Casino da Póvoa onde esteve também nas "Terças de Fado".
O último programa com Amália Rodrigues na RTP1 "Noite de Reis", teve a sua participação musical, assim como "A Música dos Outros" de Luís Represas e ainda "Os 40 anos da RTP". Foi o vencedor na sua única participação em concursos de canções da noite de São João em 1998, com letra de Manuel Guimarães para a Rádio Festival do Porto.
É autor de títulos consideráveis na música popular como: "Casinha de Esperança", "Lágrimas no Cais" e "Abre a Porta Carlota". No fado, é de enaltecer particularmente "O Silêncio das Palavras" e "Nós Dois e o Amor". São mais de 200 produções de sua autoria, diversas participações suas na TVI e SIC acompanhando diversos artistas, nomeadamente, Carlos Zel, Camané, Mafalda Arnauth, Florência, Anabela, etc.
Compôs música para a revista de Lopes de Almeida no Teatro Sá Da Bandeira, ainda como acompanhador de fados foi ao México, Venezuela, Espanha, Bélgica, França, Luxemburgo, Noruega, etc. O seu último trabalho de relevo, foi o musical "Amália" de Filipe Lá Féria que estreou na Cidade do Funchal (Ilha da Madeira). Participou ainda em: "Noites do Porto" na Expo98, "Um Porto de Fado" e "Fado no Bolhão" para o Porto Capital Europeia da Cultura 2001.
Tem actuado com o guitarrista Samuel Cabral, com o qual faz dupla à mais de 10 anos e são músicos residentes dos programas da R.T.P. "Portugal no Coração" e “Praça da Alegria”.
Continua a escrever músicas e letras de fados para quem o procura. Com ele, tive o privilégio de fazer parceria em fados que foram êxitos como: “Fadocanto”.

FADO NO PORTO


MÁRIO RUI
MINHA MÃE POR CARIDADE / 1999

Minha mãe por caridade
Diz-me se a felicidade
Existe ou é ilusão
Eu tenho andado a procura
Mas só encontro amargura
Dentro do meu coração

Disseste que a encontraste
Mesmo à hora em que beijaste
Meu pai que tanto adoravas
E no dia em que eu nasci
Disseste que esteve aqui
Quando a mim me embalavas

Mas meu pai Deus o levou
E eu a ti mãe só te dou
Dor com a minha loucura
Uma vida de tormentos
Com tão pouquinhos momentos
D’alegria e de doçura

Minha mãe já entendi
Mesmo agora descobri
Dentro do peito a verdade
O mistério é bem de ver
Dar amor e receber
É isto a felicidade

À JANELA DO FADO (Livro)

(continuação)

Martinho tinha-lhe incutido o gosto pelo fado, ele sempre acreditara que Leonor era capaz, a mãe não, essa desconfiava... Uma menina universitária, com outra filosofia de vida, não ia abraçar o fado com facilidade... Enganara-se, a sua Leonor era uma fadista, e provara-o ali no Coliseu com toda a raça.
Martinho olhou os outros membros do júri e reparou que nos seus olhares, havia uma unânime aprovação no cantar desta menina. Que diabo! Era a pérola lá do Clube do Fado, Tinha mais que razões para ficar bem classificada. Tinha boa apresentação, cantava bem, uma dicção perfeita! Que lhe faltava?
O presidente do júri, Marcelo Couto, apenas disse entre dentes:
— Calma que ainda falta ouvir mais vozes, nada de precipitações...

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Chegara a vez da nossa 4ª fadista conhecida fazer a sua apresentação em palco, a Lucinda Cardoso. Vinha muito bonita, de cabelo puxado de lado onde prendia uma camélia vermelha, depois solto para trás. Nas orelhas, duas argolas de ouro que realçavam a sua pele morena, dando-lhe ares de atraente cigana. O vestido era preto de finas alças e decote generoso. Apenas um ombro coberto por um xaile cor de prata, de um tecido brilhante de longas franjas. De lábios sensuais, pintados quase do tom da flor que trazia.
Enfim... A Lucinda apresentou-se no Coliseu vestida a rigor, como uma fadista se deve apresentar para cantar.


————— * —————


Já tenho visto mulheres cantar de calças de ganga, e até homens de fato de treino. É horroroso e uma grande falta de respeito para com o fado.
Não é preciso fato de gala nem trajes de cerimónia, aliás, o Nel Garcia descreve muito bem essa ideia no seu Fado, “Não venham com tretas”

Não venham com treta
Não é a gravata preta
Que faz um bom guitarrista
E mais me atrevo
Não é o xaile negro
Que faz a fadista

Concordo, porém tenho a certeza que este grande senhor do fado é da opinião que o decoro e o mínimo de respeito pelo fado são exigidos. O fado é quase uma religião, e como disse Carlos Conde:
O Lenço é nobre brasão
Que a tradição nos cedeu
Mas se o fado é oração
Não é de cabeça ao léu
Que se faz a confissão.


Antes de começar a cantar, a Lucinda benzeu-se...

Conheço muitas fadistas que o fazem, por exemplo: A Gina Santos, que tem pelo fado um respeito enorme, a Fernanda Moreira, que é uma das fadistas mais expressivas a cantar. A Lídia Maria que cantava com as mãos. A Aida Arménia, que tem uns gestos lindos e tão graciosos a cantar. O mestre Alfredo Guedes, depois o Lima Querido e hoje o Gervásio Miguel, com gestos que muitos podem não gostar, mas que demonstram a sua forma de sentir o que cantam. A Cátia Garcia, que parece que se abstém de tudo que a rodeia quando canta.
Quem nunca reparou, repare como é bonito, ver as mãos duma fadista quando canta, a forma como agarra as pontas do xaile, como entrelaça os dedos. Se o “sentir” se pode ver, é nas expressões no rosto de quem canta, mas também nas mãos.
Salvo o modo muito peculiar, da fadista Katia Guerreiro ao cantar de mãos atrás das costas, que deixa unicamente às expressões fantásticas que põe no rosto, a sua maneira de sentir.
Claro que os maneirismo, como os requebros ou o mover dos ombros e das ancas, demonstram formas de interiorizar os versos e sentir o canto.


————— * —————


As guitarras de Eduardo Jorge e Alexandre Santos trinaram a introdução do Carriche, houve uma brevíssima paragem, e a voz de Lucinda ecoou na sala, no tom e no momento certo como um suspiro contido, quando um arrepio colectivo percorreu a assistência.
Era uma voz com raça, muito agradável de ouvir. O silêncio na sala era total e o júri concentrou-se mais ainda, levado por aquela melodia. A Lucinda também trazia uma letra de Olecram, na linda música do fado “Carriche”, com o título: “Passeias nos meus sonhos” que dizia assim:

Passas as noites comigo
A passear nos meus sonhos
Sozinha p’ra meu castigo
Eu passo os dias medonhos

Ai quem me dera poder
Nas horas que o dia tem
Dormir sonhar p’ra te ter
Preso a meus sonhos também

Tudo isto é a saudade
Do teu corpo dos teus beijos
Agora sei que é verdade
Sonhos traduzem desejos

O dia é meu inimigo
Só te tenho noite fora
De noite sonho contigo
Vem a manhã, vais-te embora

Quando acabou de cantar, como se estivesse ensaiado, ninguém no público aplaudiu, deixando ouvir os acordes das guitarras, fazerem o final deste fado tão bonito como é o Carriche.
Depois, bem depois... Foi a expulsão e o delírio, todo o Coliseu se levantou impulsionado por um sentimento de agrado por aquela voz, por aquele estilo de cantar o fado.

Pág.31 (continua)

agosto 21, 2008

PARABÉNS


FERNANDO JOÃO


Passa hoje mais um aniversário, o fadista Fernando João. Profissional desde 1968. Antes, tinha saído vencedor do concurso "A Procura de um ídolo " no Coliseu do Porto realizado por Lopes de Almeida. Depois, o saudoso Domingos Parker organizava o programa " Varanda da saudade ", onde Fernando João também participou. Por esta época, saia o seu disco mais conhecido: "Minha mãe " de José Guimarães que obteve assinalável êxito. De seguida outro programa de referência no Porto, o "Festival" das produções Fernando Gonçalves. Começou então a trabalhar em todas as casas de Fado do Porto, merecendo sempre a preferência dos amantes do fado. Participou em inúmeros espectáculos em Portugal e no estrangeiro, (Espanha, França, Suiça, México, Venezuela), programas de televisão, saraus de poesia, etc. Trabalhou também em casinos, (Póvoa de Varzim e Espinho). Tem dezassete discos gravados. Foi convidado por Carlos do Carmo para cantar no seu concerto no Coliseu do Porto. Participou na Expo 98 em:"Noites do Porto" e no " Porto Capital Europeia da Cultura 2001 ". Pedro Homem de Melo escreveu para si "Miragaia" e dedicou-lhe a "Carta de Viena" no livro (Sempre Sós) e Fernando João no livro (Aleluia). Também Vasco de Lima Couto escreveu para o Fernando João. É hoje uma referência do Fado na cidade do Porto onde faz parte do elenco do restaurante típico O FADO. É cooperante da Sociedade Portuguesa de Autores onde tem mais de uma centena de letras registadas.
Parabéns FERNANDO JOAO!



Os parabéns de hoje, são extensivos à fadista Beatriz da Conceição, que nasceu no Porto em 21 de Agosto de 1939. A Bia (como carinhosamente é tratada), é dona de um estilo muito próprio de cantar e é sem dúvida, uma das grandes referências do fado.

FADO NO PORTO


EDUARDO ALÍPIO

TUDO SERIA MELHOR COM AMOR / 1997

Quando o homem anda triste
Carece, carece
D’afago e calor
È que um homem não resiste
Padece, padece
Com falta d’amor

Vejo pessoas nas ruas
A sofrer a solidão
A curtir as mágoas suas
Sem amor no coração
Tudo seria diferente
Tudo seria melhor
Se no mundo toda agente
Tivesse um pouco de amor

E as crianças perdidas
São vítimas principais
Das ambições desmedidas
Com noticias nos jornais
Mesmo a fome e a guerra
Fugiriam de pavor
Se toda a gente na terra
Tivesse um pouco de amor

À JANELA DO FADO (Livro)

(continuação)

A Terceira parte

Convidada pela direcção do Clube do Fado, para apresentar a terceira parte, foi Isabel Borges.
Esta apresentadora e conhecedora do mundo do fado, entrou no palco acompanhada por: Manuel Rego e Lourenço Zara.
Tudo corria conforme o planeado, quando ás 00h10 o 2º lote de concorrentes femininas era chamado ao palco. A 1ª interprete foi Lara Couto, que cantou um fado com letra de Olecram: “ Gosto tanto de ti”, na música do Fado “3 Bairros” e era assim:

Eu gosto tanto de ti
Que num só dia senti
Saudades de te não ver
O dia a custo passou
A noite tanto custou
Meu amor por te não ter

Para o teu corpo afagar
E a tua boca beijar
Meu Deus como demora
Eu queria ter o poder
De num minuto fazer
O tempo de uma hora

Quero dar-me com loucura
E sentir toda a ternura
Que tu tens para me dar
E poder num só segundo
Ter todo o tempo do mundo
Que quiser para passar

Apenas num dia apenas
Eu fiz p’ra ti mil poemas
Com raiva de te não ter
Eu gosto tanto de ti
Que num só dia senti
Saudades de te não ver

Lara arrancou muitos aplausos da plateia, cantou (aliás, como ela previa, muito bem!), haviam lágrimas nos seus olhos, enquanto no júri alguém olhava com espanto, aquela mulher linda de cabelos longos, vestido escarlate e xale pelas costas.
Marcelo lembrou a tarde desse dia, em que teve os beijos daquela boca tão bem desenhada, tão perfeita, tão ardente! E os aplausos continuavam ainda, quando o Martinho lhe segredou:
— É obvio que conheço este apelido, parabéns!
A 2ª das nossas conhecidas a cantar, foi a Lígia Coutinho. Vinha muito bonita, com um penteado de sonho, adivinhavam-se as mãos da sua amiga Laurinha. Lá estavam os sapatos prateados que o Maciel lhe dera e o vestido de seda preto. Trouxe um fado na linda música do “Carlos da Maia”, com uma letra de Maciel Castro “O Homem que Deus me deu”, que dizia assim:

O Homem que Deus me deu
Quero que seja só meu
E nunca doutra mulher
Vive comigo este fado
Na vida sempre a meu lado
Até quando Deus quiser.

Eu desperto-lhe desejos
Com a ternura e os beijos
Que tenho para lhe dar
Mas sei que não resistia
Se me mentisse algum dia
Nosso fado ia acabar.

Quero guardar em meu peito
Esse gosto, esse jeito
Qu’ele tem de me beijar
Eu nasci ao encontrá-lo
E vivo por tanto amá-lo
Mas morro se me deixar.

Uma ala da galeria pôs-se de pé em fortes aplausos, eram as colegas da fábrica de calçado gritando: Lígia...Lígia... Ah fadista!...
Também no júri alguém lhe dava a nota máxima e sentia um orgulho enorme, dela ser sua, só sua.
O júri não se manifestava, mas a vontade de Maciel era aplaudi-la até as mãos de doerem.
A dona Ludovina, a mãe da Lígia, estava feliz como nunca, a sua Lígia tinha cantado bem e ela sentia orgulho nisso. Foi com vaidade que disse à vizinha lá do bairro, que a tinha trazido ao Coliseu:
— Minha filha está tão bonita! E como canta bem!

————— * —————

Mendes e o filho Matias acabavam de chegar, logo ocuparam as cadeiras de vago na quarta fila da plateia. Tinham chegado atrasados, Lara já tinha cantado e decerto notara a sua falta. Pior era o rapaz que tanto queria ver a mãe. Ele não dava muita importância... Esperaria pelo intervalo para estar com ela e pedir-lhe desculpa. O comboio tivera um atraso considerável que ele não contava.
Matias inconformado só dizia:
— Ò pai! Que pena não termos chegado a tempo...
— Tem paciência filho, não por foi culpa nossa!
— Gostava tanto de ter visto a mãe...
O marido de Lara, tentava confortá-lo, mas também estava desiludido com o empate do seu FêCêPê. Segunda-feira ia ter que se haver, com os colegas lá oficina, (e a resposta de emprego ao currículo que enviou para Bragança, nunca mais vinha...), eram quase todos benfiquistas!
Pior eram os chatos dos clientes, enquanto esperavam pela troca de um rádio ou farol no carro. Sabiam como ele era doente pela bola e gostavam de o ver irritado.
————— * —————

Chegara a vez de Leonor Cruz, trazia uma saia comprida bordeou de seda, uma blusa branca também de seda, com mangas rendadas e xaile também bordeou, bordado com motivos em dourado. Nas orelhas, dois corações de filigrana realçava-lhe o rosto oval, onde uns olhos cor de mar brilhavam.
Cantou um fado com uma letra de Olecram, na música do fado “Licas”, com o título “Meu Fado, teus olhos” e em quatro decassílabos, diziam assim:

Dizem que os olhos nunca mentem
Nem sabem esconder uma emoção
Dizem até que os olhos sentem
Muito, muito mais que o coração.

A ser assim verdade este ditado
Não sei porque não consigo eu
Ler nos teus olhos o meu fado
Que tu nunca cantas mas é meu

Dentro dos meus olhos vês ternura
Que ponho nas palavras que te digo
Mas nunca reparaste n’amargura
De não ler em teus olhos por castigo

Consegues simular a emoção
Teus olhos nunca falam a verdade
Um dia ouvirás teu coração
Mas pode meu amor ser muito tarde.


Era a menina bonita do Clube de Fado, por isso, os aplausos soaram na sala como um estrondo quando acabou de cantar.
— Bravo! Bravo! – Gritavam
Lizete entusiasmada, saltava de alegria, a sua Leonor, que até era quase doutora, não tinha preconceito de cantar o fado, que bom! Seria outra Katia Guerreiro?

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agosto 20, 2008

O FADO NO PORTO


NELSON DUARTE
A Etiqueta Conquista acaba de editar mais um CD do conceituado fadista Nelson Duarte. Dentro da linha que já nos habituou, mas com uma qualidade fora do comum, esta grande voz do fado do Porto, dá-nos o prazer de ouvi-lo em 12 temas, oito dos quais originais, magistralmente acompanhados pela Guitarra de Miguel Amaral, a Viola de André Teixeira e o Contrabaixo de Rui Leite. Do CD com o nome ”Um Brinde à vida”, fazem parte um vídeo e um making of de fotos. A capa é de um excelente aspecto gráfico a cargo do designer “Nava”. O texto do prefácio é de autoria do conhecido escritor desta cidade, Júlio Couto.
Do reportório criteriosamente escolhido, fazem parte:

1-Sou a noite, sou o fado (Manuel Guimarães/João Maria dos Anjos)
2-Meu enlevo, minha mãe (Manuel Carvalho/Acácio Gomes)
3-Não tenhas medo (Alice Barreto/Alberto Correia)
4-Meu Amor sou vinho e pão (Manuel Guimarães/Popular)
5-Aniversário (José Guimarães/Miguel Ramos)
6-Divino Sol (Júlio Vieitas)
7-Sou fado do meu fado (A. Fernando Alves/Pedro Rodrigues)
8-Mais fado para sonhar (Torre da Guia/Georgino de Sousa)
9-Dilema (Manuel Carvalho/Alfredo Duarte)
10-Valente pescador (Alice Barreto/Carlos Neves)
11-Olhai a noite (Torre da Guia/Álvaro Martins)
12Eu nasci amanhã (Artur Ribeiro/Joaquim Campos)

Votos de muitos êxitos para a carreira de Nelson Duarte, com mais este CD que recomendo a quem gosta de ouvir bom fado.

FADO NO PORTO


ANTÓNIO PASSOS
ARRUMADO NO SOTÃO / 1998

Eras sonho adormecido
Que á muito tempo guardava
No sótão das ilusões
Um fado quase esquecido
Qu’eu há muito não cantava
Nas minhas recordações

Mas quando ontem te vi
Eu pude rever também
Quanto o amor pode durar
Foi então que compreendi
Que há feridas que um homem tem
Que levam tempo a curar

Tu és sonho do passado
Que vou de vez qualquer dia
No meu sótão arrumar
Poema lindo dum fado
Em soberba melodia
Mas que outro anda a cantar

À JANELA DO FADO (Livro)

(continuação)

A Primeira parte do concurso

Deu-se então início à presença em palco, do 1º Lote de cinco concorrentes masculinos, depois da dupla Adão Pereira e Paulo Faria de Carvalho, tomarem os seus lugares. Deste primeiro lote de fadistas, fazia parte um representante da Casa Xaile d’Douro, Rafael Martins, em quem se deponham grandes esperanças e ainda, a presença do fadista Alísio Gomes, que veio representar o Monte Aventino (viveiro de muitos e bons fadistas) e que foi muito aplaudido.
Eram 21h00 quando começaram a dar entrada no palco, os primeiros sete convidados da noite, que cantaram:

Maria Augusta
Meu amor, minha cidade – de Manuel Carvalho
Meu corpo – de Carlos Ary dos Santos
Manuel Soares
As meninas dos teus olhos – de Manuel Carvalho
Leilão – de Vasco de Lima Couto
Maria Maia
Dói cantar o fado – de Manuel Carvalho
Maria Lisboa – de David Mourão Ferreira
Mário Rui
Minha mãe por caridade – de Manuel Carvalho
Por ti mãe – de Laura Justino
Julieta Ribeiro
Poema Amarrotado – de Manuel Carvalho
Brincos de Princesa – de João L. Barbosa
José Ferreira
Sou Assim – de Manuel Carvalho
Teu leito – de Salazar Silva
Cátia Sofia
Assim é meu fado – de Manuel Carvalho
Eu a Guitarra e a vida — de António Terra

Seguiu-se o 1º Intervalo da noite, eram 22h00


A Segunda parte

Mal soou o sinal para o começo da segunda parte, Carlos M. Cruz, distinto apresentador de espectáculos e convidado da organização, estava no palco para reiniciar o espectáculo.
Eram 22h10, como estava previsto no programa
1º Lote de concorrentes femininos, vieram a palco mostrar os seus talentos. Era a vez de Eduardo Jorge e Alexandre Santos acompanharem estas cinco concorrentes Estas, deram o seu melhor, cantando perante o público pela primeira vez e arrancando muitos aplausos. Faziam parte deste lote, duas fadistas de Gondomar, uma de Rio Tinto e outra de Fanzeres, o que contribuiu para que na sala, as duas claques exteriorizassem o seu favoritismo.
Assistiu-se depois um momento alto desta grande noite de fado, quando Carlos M. Cruz pediu a presença, como estava programado, dos 16 letristas convidados.
Ana Madalena
António Carvalho da Costa
António Terra
Augusto José
Carlos Bessa
Fernando Alves
Fernando Campos de Castro
Gervásio Miguel
Joaquim Brandão
Joaquim Lopes
José Fernandes Castro
Joyce Piedade
Laura Justino
Manuel Carvalho
Nel Garcia
Torre da Guia


Com estes dezasseis letristas do fado em palco, prestava-se homenagem ao grande poeta nortenho, e membro da Sociedade Portuguesa de Autores com mais de mil letras gravadas: José Guimarães
Ao som de “A MODA DA AMORA NEGRA”, grande êxito do poeta cantada por Florência, foi colocado a um canto do palco, um cavalete contendo um caixilho vazio, onde cada um dos convidados presentes, foi colocando como se de um puzzle se tratasse, um azulejo, até completar um painel, com uma quadra célebre deste autor, que dizia assim:
Ás pedras da calçada dei luar
Estrelas pus brilhando pelo chão
Eu pus uma amizade em cada olhar
E um gesto de ternura em cada mão
Com a sala do Coliseu toda de pé, as gentes do Porto com orgulho, aplaudiam o “seu” poeta, enquanto o Sr. representante da Câmara, abraçava José Guimarães e lhe ofertava em nome da edilidade, uma salva em prata onde de lia em letras gravadas:
Homenagem da C. M. Porto
“A gratidão e o agradecimento sincero dos Portuenses, ao ilustre cidadão e poeta desta Cidade; José Guimarães”
Porto 21 de Março de 2004 (Dia da Poesia)

Depois de breves palavras de agradecimento pelo poeta, seguiu-se a presença de quatro convidados, especialmente para cantarem temas de autoria do homenageado. Assim vieram a palco:

Manuel Morais
Com: O Ricaço e Modinha da Lambada
Rosita
Com: Boa noite saudade e Beijos e Fado
Nelson Duarte
Com: Foi aqui na minha terra e Soares dos Reis
Gina Santos
Com: De Rosa ao peito e Bom dia Portugal
Eram 23h35, e o 2º Lote de concorrentes masculinos, foi chamado ao palco. Destes cinco concorrentes, faziam parte: Emílio Mourão em representação do G.D. de Valongo e um sério candidato ao 1º lugar, assim como, Firmino Viana, em representação do G.D.C. dos Guindais, também candidato ao título e que trouxe uma letra de Manuel Carvalho com o titulo “Cantilena”, e dizia assim:


Eu esperei tanto tempo
Para ouvir daquela boca
Palavras feitas ternura
Era tão grande o tormento
Até que um dia essa louca
Disse-me assim com doçura

Tu sabes bem que te adoro
Só palavras não consigo
P’ra definir este amor
É por ti que ás vezes choro
E sofro p’ra meu castigo
Por não viver nosso amor

Esse amor é meu pecado
Não sou tua e no entanto
Também nunca te menti
Vivo na vida este fado
Feito de dor e de pranto
Mas sempre gostei de ti

Foi tão lindo o que me disse
Que gravei esse momento
Para sempre neste fado
Nosso amor é uma doidice
Mas eu não sei se aguento
Viver sem ela a meu lado

O júri ia tomando as suas notas. Até que Carlos M. Cruz, anunciou o segundo intervalo da noite.

Pág.29 (continua)