abril 29, 2010

UM FADO PARA OUVIR E VER

GENTE DO FADO


Dia 02 – Autor e Cantor, Paço Bandeira

Dia 03 – Fadista nortenho, Joaquim Brandão

Dia 04 – Fadista do Porto, Manuel Bessa

Dia 06 – Fadista de Matosinhos, Patrícia Fernandes

Dia 06 – Fadista António Pinto Basto

Dia 07 – Fadista Vicente da Câmara

Dia 07 – Fadista do Porto, Manuel Cardinal

Dia 09 - Joaquim e Adriana Brandão (casamento)

Dia 10 – Fadista Leceira, Emília Dinis

22 ANOS DE FADO 1988/2010

1994 / ANTÓNIO PASSOS

Fado Seixal / José Duarte
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AMÉLINHA DO BOLHÃO

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No mercado do Bolhão

Houve chinfrim certo dia

Porque o pacato João

Lembrou-se de por a mão

Num sítio que não devia

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Amélinha não gostou

Que a filha fosse lesada

Mas dizem qu’esta corou

Porque no fundo gostou

Daquela mão descarada

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De rogada não se faz

E ali com a mãe presente

Prega um beijo no rapaz

Que a tremer só foi capaz

De fazer rir toda a gente

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Amélinha revoltada

Com tanta “descaração”

Prega à filha uma estalada

E logo numa assentada

Prega outra no João

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Casaram têm de seu

No bolhão uma tendinha

O povo à muito esqueceu

Quando o mercado tremeu

Com os berros d’Amélinha

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1994 / AURÍSIO GOMES

Fado Puxavante / Joaquim Campos

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MAIS VALE TARDE

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Por timidez minha querida

Nunca te digo a verdade

Quero-te mais do que à vida

P’ra to dizer nunca é tarde

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Por ti meu peito ainda arde

É tão grande o meu querer

E meu amor mais vale tarde

Do que nunca to dizer

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Diz o povo e com razão

Que nunca se engana, nunca

Em coisas do coração

Mais vale tarde que nunca

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Não me tomes por covarde

Quando d’amor não te chamo

Sabes bem mais vale tarde

Digo a cantar que te amo

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Nunca é tarde para amar

Quem tem fado na garganta

Mais vale tarde cantar

Mas saber o que se canta
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1994 / EDUARDO ALÍPIO

Fado Vitória / Joaquim Campos

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MEU ENLEVO MINHA MÃE

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Ó minha mãe, minha mãe

Meu enlevo e doce bem

Minha vida meu destino

Em teu colo ainda moro

E me deito quando choro

E assim desde menino

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Nas horas boas e más

Que a vida sempre nos traz

Não me falta teu carinho

Vens sempre com teu calor

E o teu divino amor

Apontando o meu caminho

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És meu Sol minha luz

Sou teu filho tua cruz

E o teu fado também

E pelas dores que tiveste

Pelo amor que me deste

Obrigada minha mãe

MINHAS PALAVRAS SENTIDAS


O DESEJO

E o desejo

crescia, crescia

dia a dia, hora a hora

Até que

A porta fechou-se

O mundo apagou-se

O rastilho acendeu-se

A explosão deu-se

E o desejo matou-se

Depois…

O desejo

crescia, crescia...

Todos os dias, à mesma hora.

abril 14, 2010

UM FADO PARA OUVIR E VER

GENTE DO FADO


Dia 15 – Fadista João Braga

Dia 20 – Poetisa e Actriz, Rosa Lobato Faria

Dia 24 – Fadista do Porto, Filomena Sousa

Dia 25 – Guitarrista Leceiro, Mário Henriques

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Dia 15 – Violista do Porto, Tony Gomes, 1995

Dia 16 – Fadista Sérgio Nunes, 2001

Dia 20 – Fadista nortenha, Fernanda Martins, 2005

22 ANOS DE FADO 1988/2010


1993 / ROSINA ANDRADE

Fado Franklin / Franklin Godinho

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CANÇÃO AO VENTO

Cantei poemas ao vento

Voei nas asas do tempo

À procura da verdade

Recuso ter que aceitar

Que a vida só tem p’ra dar

Amargura infelicidade

Ainda existe a pureza

Nas coisas da natureza

E é tão bom ser-se amada

No olhar duma criança

Também vi acesa a esp’rança

Que anda de nós arredada

Passei a noite acordada

Nos braços da madrugada

À procura do amor

Eu não quero acreditar

Que se viva sem amar

Que a vida seja só dor

Olha o Sol que ainda existe

E em cada dia persiste

Em voltar com sua luz

Apesar de tudo a vida

Vale a pena ser vivida

Bendito seja Jesus


1994 / ANTÓNIO PASSOS

Fado Pena / Fernando de Freitas

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SENTIR DO FADO

O fado não se aprende, não se ensina

É algo que já vem dentro de nós

É nosso destino, é a sina

Trazer o coração perto da voz

Mal a guitarra trina o peito sente

Uma leve sensação que faz vibrar

E cresce o fado então dentro da gente

Qu’alguém que tanto amamos faz lembrar

Depois vem na voz com que se canta

A raça do meu povo em qualquer lado

Surge a alma inteira na garganta

E o sangue nas veias vira fado

Canta-se o amor e a saudade

Que magoa a gente tanta vez

Quando a nostalgia nos invade

Sentimos como é bom ser português


1994 / ANTÓNIO PASSOS

Fado Licas / Armando Machado

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A ROSINHA DO COVÊLO

Era a mulher mais linda do Covêlo

Lá não havia outra como ela

Usava fita verde no cabelo

A contrastar a cor dos olhos dela

Chamavam-lhe a Rosinha vendedeira

Tinha a fruta mais fresca do lugar

Sentia orgulho em ser mãe solteira

Pois só soube uma vez na vida amar

Ria para toda a gente era feliz

Seu pregão ecoava no mercado

Eu soube que para ai já se diz

Que anda sempre só e canta o fado

Havia quem falasse até mal dela

Por ser cantadeira ser artista

Nunca deu confiança nem deu trela

Tinha fado na alma era fadista

Um dia a Rosinha do Covêlo

Deixou de vender lá no mercado

Traz hoje fita negra no cabelo

E chora agora quando canta o fado

MINHAS PALAVRAS SENTIDAS


ENQUANTO…

Enquanto houver crianças

com a fome pendurada na boca

Enquanto houver barracas

com gente dentro que sonha

Enquanto houver mulheres na cadeia

por não serem donas do seu corpo

Enquanto houver homens com lágrimas

porque não lhes dão trabalho

Enquanto houver grandes barrigas

com charutos e anéis nos dedos

Enquanto houver corruptos e usurário

vivendo em liberdade injustamente

Enquanto a balança da justiça

pender sempre para o lado dos pobres

Enquanto os operários não compreenderem

as palavras escritas nas paredes

Abril será sempre

uma revolução incompleta.