Aqui quero: Divulgar aqueles que deram a voz ás minhas palavras. Compartilhar com todos,o pouco que sei sobre o Fado. Divulgar e demonstrar que no Porto, também há Fado.
maio 30, 2010
GENTE DO FADO
22 ANOS DE FADO 1988/2010
2002 / NELSON DUARTE
Fado Esmeraldinha / Júlio Proença
.
ANOS DE CASADOS
.
Hoje fazemos anos de casados
Trago rosas vermelhas p’ra te dar
E um molho de beijos perfumados
Pelo prazer que tenho de te amar
.
Sempre de mão dada companheira
Os filhos são o sal p’ra temperar
Este nosso amor p’ra vida inteira
.
Juntar duas vidas num só fado
E fez de mim o homem mais feliz
Por te ter a ti sempre a meu lado
Bendito seja a hora em que te vi
Grato por na vida seres meu par
E por ainda gostar tanto de ti
Trago rosas vermelhas p’ra te dar
.
.2002 / MANUEL RUSSO
Fado Latino / Miguel Ramos
ANDA COMIGO AO FADO
Põe o teu vestido encarnado
Salto alto e meia de costura
Hoje vais amor comigo ao fado
Mete-me o braço com ternura
Põe brincos de prata e o colar
Leva o xaile branco bem traçado
Quero ver os outros desdenhar
Ao ver-te assim bonita a meu lado
Eu quero que saibas meu amor
O fado que meu peito tem escrito
Dizer-te assim cantando com ardor
Que és tu o meu fado mais bonito
Depois de madrugada, só depois
Voltamos então de braço dado
Cientes que rimamos bem os dois
Vivendo com amor juntos num fado
.
2003 / LURDES DE SOUSA
Música própria / A. Bracinha
.MEU PORTO MEU FADO
.
Anda daí vem comigo
Ver esta cidade
Anda ver o Porto antigo
Velhinho sem ter idade
.
Anda pelo teu pé
Ao bairro da Sé
E à praça da Ribeira.
Vai ver o Sol-pôr qu’é lindo
Á tardinha na Cantareira
Meu Porto guerreiro em granito
Qu’escondes o grito feito à liberdade
Meu Porto tripeiro de gema
Que guardas o lema
Da minha cidade
.
Meu Porto meu berço dourado
Meu rio meu fado que tudo me diz
Meu Porto foi bem que fizeste
No dia em que deste
Nome ao meu país
Vem daí mete-me o braço
E traz teu balão
Acerta por mim o passo
Na rusga de S. João
.
Vê quanta alegria
Anda neste dia
No meio do bailarico.
Vai à noite ás Fontainhas
E compra lá teu manjerico
MINHAS PALAVRAS SENTIDAS
EXPLOSÃO
.
Quando teu corpo é moldado
No meu de um certo jeito
É um verbo conjugado
No tempo mais que perfeito
Perfeito?
Perfeitos são os teus seios
Onde em gostosos passeios
Meus dedos andam
Esmagam, apertam
Ligam teu corpo ao meu
Como nossas bocas
Ávidas de desejo, loucas
Colam-se, beijam-se
Em perfeita comunhão
De prazer, exaltação
De amor sequiosas
Esfomeadas gulosas
Perdidas por tudo.
Então
Sem palavras mudo
No silêncio contudo
Em harmonia extrema
Nasce um poema
Enleiam-se nossos braços
Como finos sargaços
Que acende, ateia
A chama, o calor
O gosto, o sabor
O clímax, o orgasmo
O máximo, o pasmo
O rebentar do dique
E por fim o clic.
Depois?
Bem, depois…
Num delicioso cansaço
Num eterno abraço
Um cigarro, o fumo
E um voltar ao mundo.
maio 15, 2010
gente do fado
22 ANOS DE FADO 1988/2010
FOGUEIRA DO TEMPO
É na fogueira do tempo
Que meu tempo se consome
Na raiva de não ter tempo
E morrer com essa fome
.
A chama que a vida tem
Vai ardendo hora a hora
A minha esp’rança também
Vai morrendo vida fora
Foge-me o tempo então
Como areia entre os dedos
Só não foge esta impressão
Que tenho de tantos medos
Quando acabar o meu tempo
Acabará p’ra mim também
Este lutar contra o tempo
De querer ser na vida alguém
Se um dia alguém tiver tempo
De lembrar que eu existi
Que não seja por lamento
De algum tempo que perdi
NÃO REZO HÁ TANTO TEMPO
Eu guardo os pecados meus
Na vida como um tormento
Já não sei falar com Deus
Já não rezo há tanto tempo
Às vezes fico indeciso
Se são pecados mortais
Quando de Deus eu preciso
Ele não me fala mais
Se não é pecado amar
E se o fado é oração
Então eu rezo a cantar
E de Deus tenho o perdão
Muitos não são capazes
De encarar seus pecados
Eu com Deus já fiz as pazes
Paguei-os todos em fados
.
ARRUMADO NO SOTÃO
Eras sonho adormecido
Que á muito tempo guardava
No sótão das ilusões
Um fado quase esquecido
Qu’eu há muito não cantava
Nas minhas recordações
Mas quando ontem te vi
Eu pude rever também
Quanto o amor pode durar
Foi então que compreendi
Que há feridas que um homem tem
Que levam tempo a curar
Tu és sonho do passado
Que vou de vez qualquer dia
No meu sótão arrumar
Poema lindo dum fado
Em soberba melodia
Mas que outro anda a cantar
MINHAS PALAVRAS SENTIDAS
EU SEI, SÃO TRETAS
Eu sei
Que muito do que escrevi
e pelas gavetas guardei
devia ter mostrado, pelo menos a ti
Eu sei
Que também muito do que senti
guardei só para mim
e nunca disse a ninguém, nem a ti
Ah se soubesses!
Como também me apeteceu cantar
E nunca cantei
Como quis dizer tanta coisa, falar
E nunca falei
Como gostava (de muitos modos) de te amar
E nunca te amei
É que eu sei
que não ias compreender
Nunca leste um livro comigo
Nunca viste um filme comigo
Nem sabes nada de mim
Foi por isso que guardei
tudo em gavetas
tudo, o que para ti,
são tretas.