Aqui quero: Divulgar aqueles que deram a voz ás minhas palavras. Compartilhar com todos,o pouco que sei sobre o Fado. Divulgar e demonstrar que no Porto, também há Fado.
novembro 29, 2023
BIOGRAFIAS
Nasceu
no seio de uma família com enormes carências económicas, pelo que aos 12 anos
deixou de estudar e começou a trabalhar para ajudar a família, na UTIC, uma
empresa de peças para automóveis. Mais tarde entra para a Companhia Nacional de
Navegação onde se manteve até aos 19 anos. É neste período que dá os primeiros
passos na música fazendo parte de um grupo vocal chamado "Os Cinco
Réis", que interpretava músicas latino-americanas, em versões portuguesas.
Essa banda chega a gravar um disco: "O Pepe" e a aparecer em vários
programas de televisão. Mas, entretanto Rodrigo é chamado para o serviço
militar e a banda termina.Aos 21 anos de idade Rodrigo emigra pela primeira
vez, com destino a França, impelido por uma vontade de conhecer e aprender
novas coisas. Na véspera da viagem, juntamente com os amigos, terminam a noite
de despedida numa casa de Fados em Alcântara, a "Cesária", uma
experiência singular para Rodrigo, não só pelo ambiente que o rodeia, como pelo
facto de cantar pela primeira vez em público o único Fado que sabia:
"Biografia do Fado" de Carlos Ramos. Foi esta a sua
"apresentação ao Fado", um sucesso entre os que o ouviam, deixando-o
definitivamente seduzido pelo género. Este momento deixa marcas na sua vida e
durante a permanência em França sintonizava os programas da Emissora Nacional
para ouvir Fado.
Rodrigo
regressa em definitivo a Portugal aos 26 anos e passa a frequentar e a cantar
assiduamente nas casas de Fado amador, a sua grande maioria situadas em Cascais
e arredores, onde conhece uma singular geração de fadistas; Teresa Tarouca,
António Melo Correia, João Braga, José Pracana, Carlos Zel, Carlos Guedes
Amorim, Teresa Siqueira, entre outros. Começou a ser solicitado para
espectáculos ao vivo e convidado para a primeira gravação.
Profissionaliza-se
em 1975, mas ainda como amador gravou os seus primeiros discos, como é o caso
de "Eu sou povo e canto esperança", em 1973. A projecção nacional
chegará com o álbum "Coentros e Rabanetes", editado em 1976, e com
ele inúmeros concertos, entrevistas e programas na televisão. Rodrigo chega
inclusivé a ser convidado para uma Gala no Casino da Figueira da Foz. No início
dos anos 80 abriu a sua própria casa de Fados, em Birre, nos arredores de
Cascais, "O Arreda", seguiu-se o "Picadeiro" e o
"Estribo" que passou para "Forte D. Rodrigo", dedicando-se
quase em exclusivo à sua grande paixão, o Fado.Em meados da mesma década
Rodrigo foi um dos impulsionadores da União Portuguesa de Artistas de
Variedades (UPAV). Face ao assinalável êxito, são inúmeras as viagens e
espectáculos que integra, salientando a forte ligação às comunidades
portuguesas espalhadas por todo o mundo. Todos os espectáculos são preparados
ao ínfimo pormenor, desde o cuidado na escolha do repertório, dos músicos que o
acompanham, -habitualmente António Parreira, José Nobre Costa na guitarra
portuguesa, Francisco Gonçalves e Raúl Silva na viola - até a uma pequena
introdução sobre o poema que se vai cantar.
Recebeu
um título de Cidadão Honorário atribuído pelo Senado do Estado de Rhode Island
(E.U.A.)
Do seu
repertório destacamos os grandes êxitos: "Cais do Sodré" de Francisco
V. Bandeiras, "Gente do Mar" e "Eu sou povo e canto
esperança" de João Dias, "Coentros e Rabanetes" de Jorge Atayde.
Com
uma personalidade muito própria, Rodrigo continua a ser um assinalável caso de
popularidade.
Fonte:
MUSEU DO FADO
Museu
do Fado – Entrevista realizada em 03 de Novembro de 2006
http://rodrigofadista.blogspot.com
novembro 26, 2023
novembro 22, 2023
BIOGRAFIAS
Concórdio
Henriques, nome de baptismo de Nuno d'Aguiar, nasceu na Travessa do Olival à
Graça e revelou-nos que desde muito cedo se sentiu rendido ao mundo do Fado. Na
sua vida infância, Concórdio trocava de bom agrado os pontapés na bola de
futebol para ouvir e cantar o Fado. O fadista de hoje recorda os momentos em
que, as vizinhas lhe pediam para fazer recados, e com os tostões que lhe davam,
descia até ao Vale de Santo António para, numa tasca pagar um copo de vinho aos
guitarristas, em troca de um Fado. È em pleno bairro de Alfama, no
"Retiro" do Sr. Augusto, que Concórdio canta alguns dos Fados que
ouve na Emissora Nacional. Contudo, estes acontecimentos dão-se sempre à
revelia dos seus pais.
Uma
nota curiosa neste seu percurso é que um dos grandes apreciadores de ouvir
Concórdio a cantar, era o General França Borges, antigo presidente da Câmara
Municipal de Lisboa, que frequentava o "Retiro" do Sr. Augusto e que
em troca de uns tostões lhe pedia a interpretação de alguns temas de Fado. Influenciado
pelo pai, mestre em marcenaria de obras de arte, Concórdio aprende o ofício, no
Instituto Industrial de Lisboa, mas cedo opta por se dedicar exclusivamente ao
Fado e passa a ser solicitado para cantar, ainda que a título amador.
Destaca-se então pelo estilo próprio de interpretação que o distingue de tantas
outras vozes.Em 1960 profissionaliza-se após ganhar o concurso "Primavera
no Fado", no Coliseu dos Recreios, findo várias eliminatórias no
"Salão Luso".
Depois
do serviço militar, onde encantou os colegas com as suas interpretações de
Fado, é convidado para o "Ritz Clube" (1965): “Um lugar fora do
comum” dirá. Neste espaço, o Fado tinha início às 2 horas da manhã e durava até
cerca das 7 horas da manhã. Aqui, Concórdio manteve-se por cerca de dois anos,
até ao convite do Sr. Barros para integrar o elenco do "Retiro da
Severa". Surge então a oportunidade de gravar para a editora
"Estúdio", ainda que seja aconselhado a alterar o seu nome próprio -
Concórdio para um nome considerado mais artístico e "nasce" Nuno de
Aguiar. Praticamente todas as noites, Nuno de Aguiar interpretava o Fado
"Bairro Alto", (letra de Carlos Simões Neves e música de Nuno de
Aguiar) e que se revelaria um enorme sucesso e que pontua a sua carreira. Mais
tarde, é convidado por Lucília do Carmo para o elenco do "Faia"
situado no Bairro Alto, local de contínua aprendizagem e óptimas recordações.
Nuno
de Aguiar revela-nos ainda as actuações de sucesso que tiveram lugar no Casino
do Funchal.É neste período que a carreira do fadista conhece contornos
internacionais, com incontáveis viagens e concertos um pouco por todo o mundo,
com apresentações em cidades que o fadista diz conhecer tão bem como o bairro
onde nasceu! Numa dessas deslocações até à América, Nuno de Aguiar acaba por
ficar durante 9 anos, em concertos para a comunidade portuguesa e não só.Passou
um longo período numa casa típica em Lourenço Marques (Moçambique), até ao 25
de Abril, altura em que regressa a Lisboa.Após o regresso inicia um novo
circuito pelas casas típicas de Lisboa, salientando-se a inauguração do
"Forcado" e o início de uma colaboração assídua com Rodrigo no
"Picadeiro", em Cascais.
Torre
da Guia é o seu poeta de eleição. Conheceram-se no serviço militar e desde
então tem a particularidade de escrever a maior parte das letras que Nuno de
Aguiar interpreta.
Em
2006, celebra 45 anos de carreira assinalados com a edição de um CD, etiqueta
Metro- Som: "Meu Disco, Meu Fado", e onde revela a sua faceta de
poeta, ao assinar dois dos 14 fados que compõem o CD.
Fonte:MUSEU
DO FADO
Museu
do Fado - Entrevista realizada em 13/18 de Julho de 2006.