António
Domingos Abreu Rocha nasceu em Belém, Lisboa, a 20 de Junho de 1938. Frequentou
apenas a escola até completar a instrução primária, pela necessidade de se
empregar e assim ajudar nos rendimentos familiares.Com apenas 13 anos, em 1951,
ganhou um concurso de Fado organizado pelo jornal Ecos de Portugal, mas como
estava na idade da mudança de voz, só volta a cantar passados alguns anos num
restaurante da Cova da Piedade, o Riba-Mar. Nesse restaurante é ouvido pelo
Conde de Sobral que, entusiasmado com as suas interpretações, o apresenta a
Deolinda Rodrigues. A fadista apadrinha a carreira de António Rocha, desafia-o
a cantar em Lisboa, no Retiro Andaluz, e a recepção que obtém não podia ser
melhor. Faz a sua estreia profissional em 1956, como contratado deste
espaço.Apesar de nessa altura estar ainda empregado numa loja de ferragens, com
os êxitos que se vão somando, cedo acaba por optar pela carreira artística.No
mesmo ano em que se estreia profissionalmente faz programas de televisão, entra
para a Emissora Nacional e é convidado a gravar o seu primeiro EP, com 4
faixas, para a editora Fonomate.Em 1959, num concurso levado a cabo pelo Café
Luso, é eleito “Rei” do Fado menor, uma das formas clássicas do Fado
tradicional, que continua a interpretar como ninguém.António Rocha assume já
nesta altura um papel de relevo no panorama da música nacional, com uma
popularidade plenamente demonstrada com a atribuição do título de “Rei do
Fado”, em 1967, numa votação realizada pelo público para a revista “Plateia”. Sucedem-se
os contratos para se apresentar nas mais conceituadas casas de Fado de Lisboa,
os espectáculos por todo o país, actuando em restaurantes típicos e casinos,
bem como as deslocações ao estrangeiro, nomeadamente aos Estados Unidos. As
apresentações em espectáculos para rádio e televisão são também uma constante e
António Rocha tem durante algum tempo o seu próprio programa radiofónico, onde
apresenta uma rubrica esclarecedora das questões dos ouvintes sobre Fado. Nas
últimas décadas o fadista continua a brilhar nos elencos das Casas de Fado de
Lisboa, estando já há vários anos no Faia. Mas as suas apresentações não se
limitam ao território nacional, sendo diversas vezes convidado a integrar
festivais de música do mundo ou a realizar espectáculos em países como os
Estados Unidos, Itália, Espanha, França, Holanda e Bélgica.
Fadista
consciente da importância de ter um repertório próprio, cedo constituíu o seu
repertório individual, sendo autor da maior parte dos poemas que canta e ainda
de algumas das músicas.António Rocha actuou em quase todas as Casas de Fado de
Lisboa, das quais destacamos, pelo número de anos de permanência no elenco, o
Solar da Hermínia, o Timpanas e o Faia, onde faz parte do actual elenco.Em
1996, com Beatriz da Conceição, foi convidado a integrar o projecto de Paul van
Nevel e o Huelgas Ensemble, “Tears of Lisbon”, que consistia numa recolha,
realizada pelo maestro, de fados e música portuguesa do século XVI. Para além
dos inúmeros espectáculos realizados foi, também, gravado um CD ao vivo, no
Refectory of the Bijloke Abbey, em Ghent na Bélgica. Neste disco António Rocha
interpreta temas com poemas da sua autoria, como “Luz de teu caminho”, com
música de Paulo Valentim, ou “Pede à noite”, com música de Manuel Mendes.Os
espectáculos de António Rocha estenderam-se a inúmeros Restaurantes Típicos e
Casinos do país, bem como a vários locais no estrangeiro.Destacamos, nos anos
mais recentes, a sua presença nos seguintes espectáculos:
Semana
Portuguesa em Roma, em 1988;
Noites
Longas, realizadas no âmbito da Lisboa 94 – Capital Europeia da Cultura;
Holanda,
a convite do maestro Paul Van Nevel, em 1994;
Bégica,
a convite do maestro Paul Van Nevel, em 1995;
França,
a convite do maestro Paul Van Nevel, em 1996;
Festival
de Música do Mundo, realizado em Barcelona no ano de 1997;
Sete
espectáculos realizados na EXPO’ 98;
Festival
de Música de Bruxelas, em 1998;
Digressão
por várias cidades da França e da Bélgica, em 1999;
Encontros
en la Musica, no Tenerife, em 2000;
Festival
des Bucoliques du Pays de Racan, em França, no ano de 2000;
I e II
Festival da Música e dos Portos, em Lisboa, nos anos de 2000 e 2001
XXIII
Festival Sabandeño, em 2001;
Espectáculos
no âmbito do Porto Capital da Cultura, 2001;
Os
Poetas Populares, CCB, Festas de Lisboa 2004.
O mais
recente trabalho discográfico de António Rocha, “Silêncio, Ternura e Fado”, foi
editado pela Ovação em 2004. Das 12 faixas apresentadas, podem escutar-se 11
poemas do fadista.
É
sócio fundador da APAF (Associação Portuguesa dos Amigos do Fado).
Entre
2001 e 2004 foi professor do Gabinete de Ensaios para Intérpretes de Fado, na
Escola de Guitarra Portuguesa do Museu do Fado.Podemos ouvir António Rocha,
actualmente, n'"O Faia", uma das mais icónicas Casas de Fado do
Bairro Alto.
Fonte:
MUSEU DO FADO
Dados
biográficos fornecidos pelo fadista;
Programa
do espectáculo “Um Porto de Fado” (2001), Lisboa, HM Música;
Programa
do espectáculo “Les Larmes de Lisbonne” (1996), Abbaye-aus-Dames, 8 de Julho.
Museu
do Fado - Entrevista realizada em 8 de Julho/2006.
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