Natércia
Maria Carvalho de Andrade nasceu na freguesia de Massarelos, no Porto, em 1945.
Segundo lhe contavam, tinha apenas 3 anos já encantava amigos e vizinhos com as
suas interpretações dos temas mais famosos da altura. Recordou como sua
primeira canção o tema “Sardinheiras”, do repertório de Amália Rodrigues, que
seria também uma das primeiras canções que registaria em disco, em 1964.Com 18
anos participou no concurso “Cantiga da Rua”, organizado pela emissora Só Rádio
do Porto. Natércia Maria conquistou o primeiro lugar para a categoria de fado
e, a esta classificação somou vários primeiros prémios obtidos em concursos de
fado organizados no Palácio de Cristal, no Porto. A partir daí, Natércia Maria
iniciou a sua carreira profissional, com actuações na Emissora Nacional e em
espectáculos da FNAT, a convite do maestro Resende Dias. A fadista fez também
programas para a Rádio Renascença e para a RTP Porto. Em 1964 registou em disco
os seus primeiros temas, nos EPs de compilação “Fados de Sempre”, volumes 5 e
6, numa edição da Orfeu. Neste dois discos gravou as faixas “Lisboa não sejas
francesa” (José Galhardo – Raul Ferrão), “Estranha forma de vida” (Amália
Rodrigues – Alfredo Marceneiro), “Fui ao baile”(Amadeu do Vale – Fernando
Carvalho) e “Sardinheiras” (Linhares Barbosa – Fernando Freitas), acompanhada
pela guitarra de Álvaro Martins e a viola de António Proença. Dois anos mais
tarde, em 1966, passou a gravar para a editora Alvorada, trazendo a público
vários EPs com temas que fizerem grande sucesso nessa época, como “Porto à
Noite” (José Guimarães – Resende Dias), “Xaile fadista” (F. Vitorino de Sousa –
Resende Dias), “Fado da Solidão” (Nelson de Barros – Frederico Valério) ou
“Xaile Franjado” (Domingos Gonçalves Costa – Fado Georgino).Ao longo dos mais
de 40 anos da sua carreira Natércia Maria lançou inúmeros discos em nome
próprio, bem como faixas em compilações e colaborações em trabalhos
discográficos como os dirigidos pelo maestro Resende Dias, em edições da
Alvorada, Orfeu, Clave, RCA, Codevi, Jeffe, Rapsódia, Aquilla, Gaf, Roda e CBS.
Desde o início da sua carreira que Natércia Maria se desdobrou em espectáculos
um pouco por todo o país, muitas vezes apresentando-se nos Casinos da Figueira
da Foz, de Espinho, do Funchal, da Póvoa de Varzim e do Estoril. Na década de
1960, para além dos espectáculos a solo Natércia Maria integrou, também, o Trio
Boreal com quem gravou um disco de música popular portuguesa.
Natércia
Maria teve um percurso pautado pela estabilidade, dinamizando a sua actividade
entre apresentações na rádio, em apadrinhamento de marchas populares, ou em
diversas apresentações em programas de televisão, caso dos “Bom Dia, Domingo”,
“Zip Zip”, “Tv Cor”, “Os anos não contam”, “Piano Bar” ou “Às dez”.Entre as
suas deslocações ao estrangeiro destaca-se a ida ao Brasil, em 1986, onde
Natércia Maria permaneceu durante dois meses, realizando várias apresentações
em espaços da comunidade portuguesa e nas Casas de Portugal do Rio de Janeiro e
de São Paulo e participando em programas de televisão.A fadista foi convidada
do Festival da Canção em Orense, Espanha, e apresentou-se em espectáculos em
várias regiões da França, em Dusseldorf, na Alemanha, e, em 1988, actuou no
Logan Hall em Londres, a convite do Centro Cultural Português daquela cidade.Valorizando
o notável percurso profissional da fadista, a Casa da Imprensa atribuiu-lhe, em
1997, o prémio “Carreira”, durante a “Grande Noite do Fado”, espectáculo em que
Natércia Maria participou ao longo de diversos anos, nas suas realizações em
Lisboa e Porto. Mais recentemente, Natércia Maria realizou concertos no Casino
da Figueira da Foz, em 2007 e 2008, participou em programas de grande audiência
televisiva, como o “SIC 10 horas” ou o “Portugal no Coração”, e no espectáculo
de homenagem a Fernanda Baptista, que teve lugar no Teatro Sá da Bandeira, em
2008.
Em
2009, Natércia Maria voltou a estúdio para gravar o CD “Gritos de Alma”. Neste
disco a fadista faz-se acompanhar por Armindo Fernandes na guitarra portuguesa,
por Jorge Sena na viola e Alberto de Almeida no contrabaixo. Num conjunto de 14
temas do seu repertório, Natércia Maria interpreta poemas, entre outros, de
Fernando Campos de Castro e Torre da Guia. Com mais de 40 anos de carreira,
Natércia Maria inscreveu-se na história do fado como fadista do Porto, obtendo
grande sucesso na interpretação dos seus temas “Vidro Partido”, “Sentido
Proibido”, “Ruas do Porto”, “Aquela Cidade” ou “Mulher no Palco”, numa carreira
que a fez subir ao palco ao lado de grandes nomes da música portuguesa como
Amália Rodrigues, Carlos Guilherme, Rodrigo, António Pinto Basto ou Nuno da
Câmara Pereira.
Faleceu
a 23 de Dezembro de 2013, no Porto, vítima de doença prolongada.
Fonte:MUSEU
DO FADO
Dados
biográficos fornecidos ao Museu do fado por Natércia Maria;
http://naterciamaria.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário