Ada
Antunes Pereira nasceu na freguesia do Castelo, em Lisboa. Adoptou o nome
artístico de Ada de Castro, sinónimo do seu bairro de berço.Evidenciando desde
cedo a sua natureza artística, Ada de Castro fez parte do Grupo da Juventude
Operária Católica, um grupo de teatro amador, onde subia a palco para
apresentar os números mais famosos de Hermínia Silva, fadista que a “inspirou
para o fado” (entrevista de 9 de setembro de 2006). Foi numa das apresentações
destas revistas, no final de 1959, que surgiu a oportunidade e o convite da
locutora Julieta Fernandes para actuar num programa da Rádio Graça e, de
seguida, na casa Nau Catrineta, para obtenção da, então obrigatória, carteira
profissional.
Estreou-se
como fadista profissional no restaurante Faia, a 13 de Março de 1960,
contrariando a família mas com grande apoio de figuras emblemáticas do universo
fadista. Hermínia Silva e Maria José da Guia, em diferentes ocasiões, colocaram
sobre os seus ombros o simbólico xaile.Ciente da necessidade de ter agora o seu
próprio repertório, Ada conta que foi Alfredo Marceneiro, “o Ti Alfredo, foi
ele que me deu a primeira letra e me ensinou a cantar o meu primeiro fado
castiço, o Fado Tango” (entrevista de 9 de setembro de 2006). A partir dessa
altura iniciou a selecção do seu repertório e gravou, ao longo da sua carreira
mais de 560 temas, entre fados e marchas.Ada de Castro não actuou em muitas
casas de Fado, depois de cerca de ano e meio no Faia fez uma breve passagem
pela casa de Carlos Ramos, A Toca, e, em substituição da fadista Fernanda
Peres, estabeleceu-se no restaurante Folclore ao longo de 12 anos, entre 1961 e
1973. Posteriormente fez também parte do elenco do Sr. Vinho durante 12 anos.
Numa
breve passagem pelos palcos do teatro de revista, a convite de Milton e de
Eduardo Damas, estreou-se no Teatro Maria Vitória, na peça "Tudo à
Mostra" (1966), onde cantou o tema "Na Hora da Despedida".
Também marcou presença numa produção francesa, de título “As 13 Luas de Mel”,
filmada no Palácio da Pena, em Sintra, onde cantava vestida de Severa.A
carreira da fadista ganhou grande impulso quando prestou provas na Emissora
Nacional e foi convidada a integrar programas de cabine, onde as actuações eram
gravadas previamente e, posteriormente, os “Serões para Trabalhadores”, gravados
em directo e transmitidos para todo o país. O seu primeiro disco foi gravado
precisamente na Emissora Nacional, em 1961.Depois gravou para a Alvorada,
durante cerca de 6/7 anos, para a Valentim de Carvalho, Philips, Estúdio,
Movieplay e Ovação. Ada de Castro gravou, ainda, um disco na Holanda, editado
pela Polydor naquele país.Na sua discografia incluem-se cerca 25 LP's, 80
singles e EP's, edições e reedições em formato CD e participações em várias
colectâneas. Dos seus inúmeros sucessos destacam-se temas como "Rosa
Caída", "Cigano", "Gosto de tudo o que é teu" ou
"Deste-me um cravo encarnado". Ada de Castro foi também uma das mais
carismáticas madrinhas das Marchas Populares dos principais bairros de Lisboa
e, naturalmente, no seu repertório encontram-se interpretações de temas das
Marchas Populares.
Ao
longo das décadas de 1960, 70 e 80, para além de ser presença nos elencos das
casas de Fado de Lisboa, Ada de Castro conciliou essas actuações com outras
apresentações, nomeadamente no Mercado da Primavera (depois chamado Mercado 25
de Abril), onde actuava num restaurante e num barco; ou noutros restaurantes,
como a Varanda do Chanceler e a Varandinha; chegando a cantar 4 ou 5 vezes numa
noite. Nos meses de Abril a Setembro a fadista integrava, ainda, a programação
“Alfama à Noite”, organizada pelo SNI, onde cantava dois fados na escadaria da
Igreja de Santo Estêvão e depois fazia nova actuação no coreto do Largo da
Palmeira. Fez estas actuações durante 5 anos.Apresentou-se com regularidade em
programas televisivos, nos casinos e salas de espectáculos espalhadas pelo país
e ilhas, internacionalmente realizou inúmeras deslocações em representação de
Portugal, através do SNI (Secretariado de Informação Nacional), bem como
actuações junto das diversas comunidades portuguesas. Acrescente-se que a
fadista cantou em espectáculos ao vivo e programas de televisão, em países
como: Espanha, Austrália, Dinamarca, Suécia, Bélgica, Holanda, Japão, China,
França, Itália, Argentina, Uruguai, Estados Unidos, Canadá e toda a antiga
África portuguesa. De salientar que no Mónaco fez uma actuação para a família
do príncipe Rainier nos jardins do Palácio Grimaldi; em 1968, fez uma tournée
de mais de 5 meses por todos os Estados brasileiros, a convite do governo
daquele país; em 1977 foi selecionada pela editora Melodia/Alvorada, para
representar Portugal num espectáculo mundial de celebração do centenário da
Gravação Sonora e, em 1990, realizou uma digressão a Macau e Hong Kong.
Congratula-se
por ter conhecido, convivido e cantado com os melhores fadistas, das chamadas
décadas áureas do Fado, época de "grandes fadistas e excelentes
repertórios" (entrevista de 9 de Setembro de 2006). Ada de Castro menciona
Amália Rodrigues, Alfredo Marceneiro, Manuel de Almeida, Tristão da Silva, Fernanda
Maria, Maria José da Guia, sem esquecer aquela que denomina sua fonte de
inspiração: Hermínia Silva. Também o acompanhamento é digno de nota, uma vez
que foi acompanhada por nomes conceituados como António Chainho, José Maria
Nóbrega, José Fontes Rocha ou Pedro Caldeira Cabral.Para Ada de Castro “O fado
não é aquilo que se canta, o fado está na garganta de quem o canta” e,
definitivamente Ada de Castro é uma destacada fadista, com uma forma
característica e individualizada de interpretação que resultou na atribuição de
inúmeros prémios e troféus, demonstrativos tanto da sua qualidade artística
como da sua enorme popularidade: Disco de Bronze e 2 Elefantes de ouro (prémios
do Rádio Clube Português – programa Talismã), logo em 1961; "Óscar Melhor Fadista
da Quinzena", atribuído em 1962, por votação do público para o programa da
RTP “Eleitos da Quinzena”; Microfone de Prata e Placa de Prata, atribuídos
em 1963 pelo Rádio Clube Português para os discos mais votados pelos
ouvintes; Galardão Penco/Record, dos Estados Unidos da América, que
recebeu nos anos de 1964, 1970 e 1982; "Óscar para Melhor Fadista do
ano", atribuído pela Casa da Imprensa e Microfone de ouro, atribuído pelo
Rádio Clube Português, em 1966/67; Galardão Prémio Rádio Toronto, em
1973/74; "Melhor Fadista do Ano", atribuído em 1982, pela
Revista Nova Gente; Prémio “Melhor Fadista Portuguesa” atribuído na
Holanda, em 1987; Prémio “Carreira”, atribuído pela Fundação Amália em
2010; Medalha da Cidade de Lisboa, Grau ouro, em 2013.
Fonte:
MUSEU DO FADO
Dados
fornecidos por Ada de Castro
Museu do Fado - Entrevista realizada em 09 de Setembro/2006
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