Aqui quero: Divulgar aqueles que deram a voz ás minhas palavras. Compartilhar com todos,o pouco que sei sobre o Fado. Divulgar e demonstrar que no Porto, também há Fado.
maio 31, 2023
BIOGRAFIAS
Apesar
de no bilhete de identidade constar a data de 11 de Maio, a verdade é que
Fernanda Gil Ferreira Martins, que adoptou o nome artístico de Fernanda
Baptista, nasceu no dia 7 de Maio de 1919, na casa de família na Travessa do
Oleiro nº 11, em Lisboa.Fernanda Baptista era vizinha do actor Vasco Santana
que, por ela em criança já gostar muito de cantar, lhe chamava “o papagaio das
cantorias”. Aos 10 anos a fadista participa pela primeira vez numa peça de
teatro infantil, mas está ainda longe de enveredar por uma carreira artística.
Com apenas 19 anos casa-se com um funcionário da Companhia Colonial de
Navegação e abraça a profissão de modista, trabalhando na Casa Pinto de
Almeida, situada na Rua Augusta. É neste atelier e em festas particulares das
suas clientes que começa por brilhar na interpretação do Fado. Em 1945 as suas
colegas inscrevem-na no Concurso de Outono do jornal “Canção do Sul”, cujas
eliminatórias decorrem no Retiro dos Marialvas e no Café Latino. Neste concurso
arrecada o 2º lugar, representando o Bairro Alto. A partir desse momento
torna-se intérprete profissional, contratada pelo empresário José Miguel e
passa a integrar o elenco do Retiro dos Marialvas.
As interpretações genuínas de Fernanda Baptista são muito apreciadas pelos críticos
de Fado e, ainda não tinha decorrido um ano da sua profissionalização já o
jornal a “Guitarra de Portugal” a considerava “um dos valores mais sólidos da
moderna geração” (cf. “Guitarra de Portugal”, 30 de Julho de 1945).
Passa em 1946 a actuar no Café Luso e nesse mesmo ano é convidada pelos
empresários Rosa Mateus e Lourenço Rodrigues para ir actuar no Teatro Maria
Vitória. Assim, substituiu Luisa Satanela na Revista "Banhos de Sol",
estreando-se no teatro de revista com a interpretação da “Ronda Fadista”. Até
ao final da década participará em quadros musicais de muitas das revistas do
Teatro Maria Vitória, caso de “Canções Unidas”, em 1946, com o tema “Trapeiras
de Lisboa”, que é premiado pelo SNI como o Melhor Quadro de Revista; “Ó ai ó
linda” e “Salada de Alface”, em 1947; “Disto é que eu gosto” e “O Tico-tico”,
em 1948. Nesta última revista interpreta o seu tema de maior êxito, o “Fado da
Carta”, de autoria de João Nobre e Amadeu do Vale. Com a companhia de Eugénio
Salvador no Teatro Maria Vitória, Fernanda Baptista apresentou-se nas revistas
“Saias Curtas”, “Cala o Bico” e “Festa é Festa”, entre 1953 e 1955. Ainda no
âmbito dos palcos teatrais destacamos a revista “Ena Já Fala”, levada à cena em
1969, no Teatro ABC, onde a fadista interpretou com tal sucesso o tema
“Saudades de Júlia Mendes” que este se tornou um fado incontornável do seu
repertório. Apesar dos inúmeros espectáculos e digressões por todo o país e
também junto das comunidades emigrantes portuguesas, Fernanda Baptista constrói
uma sólida carreira na interpretação de Fado no Teatro de Revista, sendo uma
presença regular nos palcos até 1974. Fernanda Baptista também protagonizou uma
película no grande écran, o filme realizado por José Buchs, em 1949, “Sol e
Toiros”. Neste filme participavam, para além de Fernanda Baptista, Manuel dos
Santos, Leonor Maia, Amália Rodrigues e Eugénio Salvador, entre outros. O “Fado
Toureiro” que integra a banda sonora deste filme será transformado numa das
faixas mais famosas da fadista, a que se juntam os temas “Fado da Carta” e
“Saudades de Júlia Mendes”, já anteriormente referidos.
As suas saídas de Portugal para diversas actuações iniciaram-se na década de
1950, com a digressão a África da revista “Saias Curtas”. A esta somaram-se
apresentações de espectáculos de Fado em cidades como Luanda, Lobito ou Nova
Lisboa. Posteriormente, Fernanda Baptista acumulará numerosas viagens ao
Brasil, local onde uma das vezes chegou a permanecer mais de ano e meio, à
Argentina, a África e aos Estados Unidos e Canadá. Nestes dois últimos países
da América do Norte a fadista fez mais de 17 tournées.Em televisão foi também
requisitada para aparições em diversos programas como o “Zip Zip” ou o “Fado
Fadinho” e, mais recentemente, integrou como artista convidada as séries televisivas
de Filipe la Féria “Grande Noite” e “Cabaret”. Fernanda Baptista voltou ao
Teatro de Revista em 1990 para participar na peça “Ai Cavaquinho” no Teatro
Capitólio do Parque Mayer e, em 1994, foi homenageada num outro teatro do
Parque Mayer, o Teatro Variedades, no decurso da apresentação da revista “Vivó
Velho”, a última revista em que Fernanda Baptista participou, ao lado de Artur
Garcia, Mariette Pessanha e Joel Branco.
A 29 de Abril de 1996, em homenagem aos seus 50 anos de carreira, realizou-se um
concerto no Teatro São Luís, onde participaram Anita Guerreiro, Deolinda
Rodrigues, Maria Valejo, Maria José Valério, Fernando Maurício ou Carlos Zel
que, entre muitos outros colegas e amigos, do Fado e do teatro de revista,
demonstraram o seu carinho e admiração pela artista.
A fadista gravou muitos discos, mas só na década de 1970 editou o seu primeiro
LP. Em 2005 a Movieplay lançou a antologia “Fernanda Baptista – a Maior Voz do
Teatro de Revista”, reunindo em duplo CD os seus maiores êxitos. Os temas são
reedições de gravações feitas pela fadista entre os anos de 1967 e 1981.
Apesar de várias vezes se ter afastado dos palcos e ter pensado retirar-se
definitivamente da vida artística, quando completou 87 anos, em Maio de 2006,
Fernanda Baptista integrava ainda o elenco musical do espectáculo de Filipe la
Féria “A Canção de Lisboa”, em exibição no Teatro Politeama.
Em
2003, o então Presidente da República Jorge Sampaio condecorou-a com o Grau de
Comendadora da Ordem de Mérito. Faleceu a 25 de Julho de 2008
Fonte:MUSEU
DO FADO
“Canção
do Sul”, 16 de Fevereiro de 1945;
“Canção
do Sul”, 16 de Maio de 1945;
“Guitarra
de Portugal”, 30 de Julho de 1945;
“Canção
do Sul”, 1 de Novembro de 1946;
“Canção
do Sul”, 15 de Agosto de 1947;
“Correio
da Manhã”, 23 de março de 1994;
“O
comércio do Porto”, 5 de Maio de 1996;
Rebello,
Luiz Francisco (1985), “História do Teatro de Revista em Portugal”, vol. 2,
Lisboa, Dom Quixote.
maio 24, 2023
BIOGRAFIAS
Sentiu
cedo a vocação para cantar, punha-se ao pé da telefonia a ouvir Fados e a
cantar, mas a sua mãe, modista de profissão, não queria que ela cantasse.
Contudo a vontade era maior, e incentivada pela vizinhança, Esmeralda recebeu
um "xailinho" e todas as tardes animava as redondezas cantando alguns
dos Fados que aprendia pela rádio. Um dia, o pai levou-a a uma festa na
"Casa Apolo", uma sociedade recreativa, onde foi incentivada por dois
guitarristas a cantar. Interpretou o "Fado Manuel Santos" e o
"Fado Santa Luzia", dois dos muitos que sabia de cor, e desde então
não mais parou. Aos 14 anos era já uma amadora de renome, facto que a levou a
concorrer e a ganhar um lugar nos Serões para Trabalhadores, na Emissora
Nacional, depois de ultrapassadas algumas provas - de microfone e de gravação.
Foi por esta altura que por sua iniciativa teve algumas de lições de canto com
o Prof. Mota Pereira. No seu percurso artístico Esmeralda Amoedo apresenta-se
em praticamente todas as colectividades, sociedades recreativas e festas de
beneficência de Lisboa e arredores e concorre a um concurso de Fados organizado
pelo jornal "Ecos de Portugal".
Vence
a primeira Grande Noite do Fado, organizada pela Casa da Imprensa, corria o ano
de 1953, representando o bairro lisboeta de Campo de Ourique. Colaborou no
Grande Concurso de Fados em 1957, organizado pelo jornal "A Voz de
Portugal". Simultaneamente à ascensão de sua carreira, surge a
oportunidade de cantar e percorrer todo o país, nomeadamente em Casinos.
Estreia-se no Teatro ABC, com Ivone Silva e figurou nos principais palcos de
teatro de revista, facto que vai conjugando com apresentações nas diversas
casas de Fado de Lisboa e sociedades recreativas. A primeira casa de Fado onde
actua é no "Solar da Hermínia", na "Viela" e passa pela
"Tágide" "Adega Machado", "Luso", "Adega
Mesquita", "Toca", "Mal Cozinhado", e principais
casinos do país, destacando-se o Casino da Madeira. Uma das viagens da sua vida
é a que levou ao Canadá, como artista convidada, para participar nas Festas do
Senhor Santo Cristo. Outras viagens aconteceram, sendo de referir as
deslocações a Austrália, Canadá, França, Bélgica, Holanda, Suiça, Alemanha. Vence
o "Microfone de Ouro" atribuído pelo Rádio Clube Português. Comemora
50 anos de carreira em 2003, recebendo o Prémio Carreira, entregue no decorrer
do Concurso da Grande Noite de Fado, no Teatro de São Luiz. Em 2004 é lançado
pela Metrosom o CD "Fado no S. Luiz" onde Esmeralda Amoedo revisita
os seus maiores êxitos, como "Açores - nove lágrimas" letra de sua
autoria.
Fonte:
MUSEU DO FADO
Museu
do Fado - Entrevista realizada a 10 de Agosto de 2006.