junho 30, 2010

UM FADO PARA OUVIR E VER

GENTE DO FADO


Dia 02 – Letrista de V. N. Gaia, Joaquim Lopes

Dia 12 – Fadista Hermano da Câmara




Dia 05 – Fadista Maria Teresa de Noronha, 1993

Dia 12 – Poeta de Fado, Carlos conde, 1981

Dia 12 – Fadista Berta Cardoso, 1997

Dia 15 – Fadista Fernando Maurício, 2003

22 ANOS DE FADO 1988/2010

2003 / JOAQUIM BRANDÃO

Fado Cuf / Alfredo Marceneiro

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GERAÇÃO CRIATIVA

Todos recordamos são lembranças

Dos tempos de miúdo a brincadeira

Mas hoje já não se vêm crianças

Brincarem como nós desta maneira

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Onde estão o arco e a gancheta

Cow-bois com pistolas de madeira

As flechas feitas de vareta

Peão bico-de-lança e faniqueira

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Crianças no mundo sempre as houve

Mas minha geração foi criativa

Jogar hóquei com troços de couve

E guiador de arame p’ra corrida

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A bola de trapos e a casquinha

Brincar ao eixo e ao bom-barqueiro

Jogarmos ao pincha e ao virinha

E fazermos dos botões dinheiro

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Juntar vitórias e procurar

O tal bacalhau com esperança

Mas... Como é bom hoje recordar

Brincadeiras de quando era criança

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2003 / JOAQUIM BRANDÃO

Fado Isabel / Fontes Rocha

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NÃO CHEGA SÓ A PAIXÃO

Não canta o fado quem quer

Diz o povo e com razão

Ao fado como a mulher

Não chega só a paixão

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O fado e lindo e bonito

Com garganta e bem dizer

Por isso digo e repito

Não canta o fado quem quer

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Quem nunca tiver amado

Com muita, muita emoção

Não deve cantar o fado

Diz o povo e com razão

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Com rimas bem escolhidas

Diz-se tudo o que se quer

Até palavras sentidas

Ao fado como a mulher

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É preciso por a par

A garganta e o coração

Para o fado se cantar

Não chega só a paixão

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2003 / JOAQUIM BRANDÃO

Fado Rosita / Joaquim Campos

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VIVES NO MEU PENSAMENTO

Não me sais do pensamento

Tu andas sempre comigo

A cada hora e momento

Meu amor falo contigo

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Para te ver a fingir

Basta meus olhos fechar

E tu lá vens a sorrir

À minha mente a brincar

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À noite sonho contigo

E adormeço num beijo

Mas durmo p’ra meu castigo

Num sono feito desejo

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E quando me ponho a pé

Lá começa o meu tormento

Sabe-me a beijo o café

Não me sais do pensamento

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MINHAS PALAVARS SENTIDAS


ADIA TEU FADO

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Quando as pombas dos teus olhos

Vieram nos meus pousar

Trouxeram ternura aos molhos

E desejos por desvendar.

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Depois vi no teu sorriso

Um Sol como nunca vi

E nada mais foi preciso

Para ficar louco por ti.

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Quando teu corpo ondulou

Em melodias de mar

Senti que o meu se afogou

Em sonhos por inventar.

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Em teus gestos vi bailados

Que traduzem sentimentos

São carícias nos teus fados

Mas para mim são tormentos.


RUSGA DA SÉ EM 1º LUGAR

Desde 2005 que tenho feito a letra da Rusga da Sé. Tenho duas vezes o 2º Lugar, em 2007 e 2008. Mas tenho quatro 1º Lugares: 2005, 2006, 2009 e 2010, só que no JN de sábado com esta reportagem, tirou-me a autoria da letra. Incrível...

junho 14, 2010

UMA RUSGA PARA OUVIR E VER

GENTE DO FADO-


Dia 20 – Fadista António Rocha

Dia 29 – Fadista Rodrigo



Dia 17 – Fadista do Porto, Aurísio Gomes, 1995

Dia 21 – Fadista do Porto Nicolau Rocha, 2003

Dia 26 – Fadista Alfredo Marceneiro, 1982


22 ANOS DE FADO 1988/2010

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1999 / MÁRIO RUI

Fado Carlos da Maia / Carlos da Maia

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MINHA MÃE POR CARIDADE

Minha mãe por caridade

Diz-me se a felicidade

Existe ou é ilusão

Eu tenho andado a procura

Mas só encontro amargura

Dentro do meu coração

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Disseste que a encontraste

Mesmo à hora em que beijaste

Meu pai que tanto adoravas

E no dia em que eu nasci

Disseste que esteve aqui

Quando a mim m’embalavas

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Mas meu pai Deus o levou

E eu a ti mãe, só te dou

Dor com a minha loucura

Uma vida de tormentos

Com tão pouquinhos momentos

D’alegria e de doçura

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Minha mãe já entendi

Mesmo agora descobri

Dentro do peito a verdade

O mistério e bom de ver

Dar amor e receber

E é isto a felicidade

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2002 / MELANIE

Fado Marceneiro / Alfredo Marceneiro

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FECHO OS OLHOS P’RA TE VER

Nem adeus me disseste

Um beijo apenas me deste

Tão leve que o ar levou

Com a pressa que partiste

Em meus olhos tu não viste

A saudade que ficou

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E no mar da tua ausência

Eu afogo esta carência

Que sinto em te não ver

É virado p’ra distância

Que se mede a importância

Que um grande amor pode ter

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Fecho os olhos p’ra te ver

Vejo um poema a crescer

Neste fado que escrevi

Volta amor por caridade

Já não suporto a saudade

Nem posso viver sem ti

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2002 / MELANIE

Fado Vianinha / Francisco Viana

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LOUCA LOUCURA

Se o andamos a viver

E é tanta a nossa ternura

Porque mentes ao dizer

Qu’este amor é uma loucura

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É natural que sintas

Desejos como inda há pouco

Só é triste que tu mintas

Chamando este amor de louco

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No momento de beijar

Nesse minuto sublime

Loucos somos por amar

Mas a loucura redime

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A verdadeira loucura

E não te ter só p’ra mim

E viver nesta amargura

Duma loucura sem fim

MINHAS PALAVRAS SENTIDAS

AS RUSGAS


Recordo como era lindo o S. João do meu bairro.

A Lapa, sempre fiel ás tradições, ficava em festa no mês de Junho com os santos populares.

Cada “Ilha”, rua ou viela, largo ou escadinhas, eram enfeitadas com “bambolins”e balões feitos em papel de seda às cores. Os cheiros a manjerico e sardinhas, misturavam-se com as orvalhadas daquela noite sagrada e purificadora. Haviam foguetes e balões eram lançados ao ar. A partir da meia-noite, depois do café e pão torrado nas fogueiras da rua, os vizinhos juntavam-se espontaneamente, era então esse rancho de gente, que munidos de alhos-porros, molhos de cidreira, ramalhos com balões (para iluminar a noite), testos e diversos instrumentos, partiam de rua em rua cantando ao S. João.

Ai…Eu fui ao S. João à Lapa

Ai…E da Lapa, fui ao Bonfim

Ai…Estava tudo embandeirado

Ai…Com bandeiras de cetim

E assim nasciam as RUSGAS.

A alegria a as cantigas, as cascatas e toda a magia daquela noite, ficou-me na memória e faz parte da minha alma de portuense.

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AS MARCHAS


As Marchas de Lisboa, não são espontâneas. Fazem parte de um cartaz turístico da cidade, previamente pensadas, têm um tema (como os desfiles do Samba) e com todo o seu visual plástico e estético de luz e cor, desde os arcos, ás coreografias ou marcações, passando pelo guarda-roupa, conferem-lhe um ar “postiço” de um povo que sendo bairrista e bem castiço, se encontra mais nos arraiais de Santo António, entre as vielas dos bairros populares, nos bailaricos e na sardinha assada.

De tão artificial que são as Marchas, chegam a forrar o asfalto com a linda “Calçada portuguesa” e até o Jet7 é convidado para desfilar como padrinhos dos bairros populares, que nada têm a ver com eles. Claro que nunca falta a transmissão televisiva em directo, porque Lisboa é Portugal e o resto é paisagem. Honra seja feita aos grandes compositores e letristas, que nos têm dado ao longo dos anos, as mais adeandes compositores e letristas, que nos tverdadeiras pérolas de criatividade da música popular portuguesa.

Em jeito de penitência, fico entristecido ao ver os desfiles das Rusgas na minha cidade. Da avenida “roubaram-nos” a linda Calçada portuguesa. Apesar de serem as festas da cidade, a Câmara, nem um festão, balões e luz põe a ornamentar as ruas por onde passa o desfile. Os padrinhos das Rusgas, foram durante anos, figuras da TV ou artistas vindos da capital, talvez com vergonha da Rosita, da Florência, do Manuel Morais do Nelson Duarte ou da Natércia Maria, ou ainda, de tantas personalidades que dão prestigio a esta cidade.

Mas ainda me orgulho de ver o velhinho bairro Sé, as ufanas freguesias da Vitória e de S. Nicolau, entre outras freguesias, trazerem as suas tradições à baixa da cidade (ou à Praça, como cá se diz), tal como a Mouraria, a Madragoa ou Alfama, levam à sua cosmopolita sala de visitas da capital, Claro que não temos a RTP (nem em diferido), resta-nos o Porto Canal e os parcos subsídios da câmara ás colectividades, para fazer (mesmo assim), a festa mais solidária e democrática do mundo.