maio 30, 2010

UM FADO PARA OUVIR E VER

GENTE DO FADO

Dia 03 – Guitarrista Carlos Gonçalves

Dia 03 – Fadista António Mourão

Dia 04 – Poeta do Porto, Torre da Guia

Dia 14 – Fadista portuense, Norberto Costa

Dia 14 – Autor e Letrista, Carlos Tê






Dia 03 – Compositor e Autor, Silva Tavares, 1964

Dia 08 – Cançonetista do Porto, Tony de Matos, 1989

Dia 13 – Fadista Hermínia Silva, 1993

Dia 15 – Violista nortenho, Miguel Costa, 1989

22 ANOS DE FADO 1988/2010

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2002 / NELSON DUARTE

Fado Esmeraldinha / Júlio Proença

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ANOS DE CASADOS

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Hoje fazemos anos de casados

Trago rosas vermelhas p’ra te dar

E um molho de beijos perfumados

Pelo prazer que tenho de te amar

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Cá vamos pela vida a caminhar

Sempre de mão dada companheira

Os filhos são o sal p’ra temperar

Este nosso amor p’ra vida inteira

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Chamou-nos o destino quando quis

Juntar duas vidas num só fado

E fez de mim o homem mais feliz

Por te ter a ti sempre a meu lado

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Bendito seja a hora em que te vi

Grato por na vida seres meu par

E por ainda gostar tanto de ti

Trago rosas vermelhas p’ra te dar

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2002 / MANUEL RUSSO

Fado Latino / Miguel Ramos

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ANDA COMIGO AO FADO

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Põe o teu vestido encarnado

Salto alto e meia de costura

Hoje vais amor comigo ao fado

Mete-me o braço com ternura

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Põe brincos de prata e o colar

Leva o xaile branco bem traçado

Quero ver os outros desdenhar

Ao ver-te assim bonita a meu lado

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Eu quero que saibas meu amor

O fado que meu peito tem escrito

Dizer-te assim cantando com ardor

Que és tu o meu fado mais bonito

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Depois de madrugada, só depois

Voltamos então de braço dado

Cientes que rimamos bem os dois

Vivendo com amor juntos num fado


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2003 / LURDES DE SOUSA

Música própria / A. Bracinha

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MEU PORTO MEU FADO

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Anda daí vem comigo

Ver esta cidade

Anda ver o Porto antigo

Velhinho sem ter idade

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Anda pelo teu pé

Ao bairro da Sé

E à praça da Ribeira.

Vai ver o Sol-pôr qu’é lindo

Á tardinha na Cantareira

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Meu Porto guerreiro em granito

Qu’escondes o grito feito à liberdade

Meu Porto tripeiro de gema

Que guardas o lema

Da minha cidade

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Meu Porto meu berço dourado

Meu rio meu fado que tudo me diz

Meu Porto foi bem que fizeste

No dia em que deste

Nome ao meu país

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Vem daí mete-me o braço

E traz teu balão

Acerta por mim o passo

Na rusga de S. João

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Vê quanta alegria

Anda neste dia

No meio do bailarico.

Vai à noite ás Fontainhas

E compra lá teu manjerico

MINHAS PALAVRAS SENTIDAS

EXPLOSÃO

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Quando teu corpo é moldado

No meu de um certo jeito

É um verbo conjugado

No tempo mais que perfeito

Perfeito?

Perfeitos são os teus seios

Onde em gostosos passeios

Meus dedos andam

Esmagam, apertam

Ligam teu corpo ao meu

Como nossas bocas

Ávidas de desejo, loucas

Colam-se, beijam-se

Em perfeita comunhão

De prazer, exaltação

De amor sequiosas

Esfomeadas gulosas

Perdidas por tudo.

Então

Sem palavras mudo

No silêncio contudo

Em harmonia extrema

Nasce um poema

Enleiam-se nossos braços

Como finos sargaços

Que acende, ateia

A chama, o calor

O gosto, o sabor

O clímax, o orgasmo

O máximo, o pasmo

O rebentar do dique

E por fim o clic.

Depois?

Bem, depois…

Num delicioso cansaço

Num eterno abraço

Um cigarro, o fumo

E um voltar ao mundo.


maio 15, 2010

gente do fado

Dia 25 – Fadista do Porto, Maria da Fé

Dia 25 – Fadista de Tabuaço, Paula Teixeira

Dia 26 – Fadista e Actriz do Porto, Cátia Garcia


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Dia 25 – Fadista Lima Querido, 2001

Dia 31 - Fadista do Porto, Manuel Soares, 2007


22 ANOS DE FADO 1988/2010

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1994 / NICOLAU ROCHA

Fado Isabel / Fontes Rocha

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FOGUEIRA DO TEMPO

É na fogueira do tempo

Que meu tempo se consome

Na raiva de não ter tempo

E morrer com essa fome

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A chama que a vida tem

Vai ardendo hora a hora

A minha esp’rança também

Vai morrendo vida fora

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Foge-me o tempo então

Como areia entre os dedos

Só não foge esta impressão

Que tenho de tantos medos

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Quando acabar o meu tempo

Acabará p’ra mim também

Este lutar contra o tempo

De querer ser na vida alguém

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Se um dia alguém tiver tempo

De lembrar que eu existi

Que não seja por lamento

De algum tempo que perdi

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1996 / MANUEL BARBOSA

Fado Solene / Alberto Correia

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NÃO REZO HÁ TANTO TEMPO

Eu guardo os pecados meus

Na vida como um tormento

Já não sei falar com Deus

Já não rezo há tanto tempo

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Às vezes fico indeciso

Se são pecados mortais

Quando de Deus eu preciso

Ele não me fala mais

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Se não é pecado amar

E se o fado é oração

Então eu rezo a cantar

E de Deus tenho o perdão

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Muitos não são capazes

De encarar seus pecados

Eu com Deus já fiz as pazes

Paguei-os todos em fados

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1998 / ANTÓNIO PASSOS

Música própria / Samuel Cabral

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ARRUMADO NO SOTÃO

Eras sonho adormecido

Que á muito tempo guardava

No sótão das ilusões

Um fado quase esquecido

Qu’eu há muito não cantava

Nas minhas recordações

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Mas quando ontem te vi

Eu pude rever também

Quanto o amor pode durar

Foi então que compreendi

Que há feridas que um homem tem

Que levam tempo a curar

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Tu és sonho do passado

Que vou de vez qualquer dia

No meu sótão arrumar

Poema lindo dum fado

Em soberba melodia

Mas que outro anda a cantar





MINHAS PALAVRAS SENTIDAS


EU SEI, SÃO TRETAS

Eu sei

Que muito do que escrevi

e pelas gavetas guardei

devia ter mostrado, pelo menos a ti

Eu sei

Que também muito do que senti

guardei só para mim

e nunca disse a ninguém, nem a ti

Ah se soubesses!

Como também me apeteceu cantar

E nunca cantei

Como quis dizer tanta coisa, falar

E nunca falei

Como gostava (de muitos modos) de te amar

E nunca te amei

É que eu sei

que não ias compreender

Nunca leste um livro comigo

Nunca viste um filme comigo

Nem sabes nada de mim

Foi por isso que guardei

tudo em gavetas

tudo, o que para ti,

são tretas.