Aqui quero: Divulgar aqueles que deram a voz ás minhas palavras. Compartilhar com todos,o pouco que sei sobre o Fado. Divulgar e demonstrar que no Porto, também há Fado.
janeiro 30, 2010
GENTE DO FADO
Dia 02 – Fadista nortenho, Firmino Pereira
Dia 02 – Fadista João Ferreira-Rosa
Dia 04 – Compositor José Cid
Dia 06 – Fadista Fernanda Maria
Dia 06 – Fadista Argentina Santos
Dia 07 – Fadista Lúcio Bamond
Dia 14 – Fadista nortenho, Francisco Laranjeira
Dia 02 - Poetiza e Actriz, Rosa Lobato Faria, 2010
Dia 05 – Cançonetista do Porto Carlos Silva, 1998
Dia 07 – Fadista Filipe Pinto, 1968
Dia 12 – Fadista do Porto Idalina Vidal, 2008
Dia 12 – Fadista Fernando Farinha, 1988
Dia 13 – Fadista do Porto Eduardo Alípio, 2002
Dia 14 – Fadista Carlos Zel, 2002
22 ANOS DE FADO 1988/2010
Meu amor se é verdade
Que se morre de saudade
Então está perto o meu fim
Pressinto a vida a fugir
Que ás vezes chego a sentir
Mesmo saudades de mim
A tua presença invento
E à noite há um momento
Que estas comigo deitado
Pois ando assim como louca
Com o teu nome na boca
A chamar por todo o lado
Meu coração não resiste
À solidão que persiste
Em viver nesta ansiedade
Se não voltas meu amor
Vai acabar esta dor
Já muita gente a meu lado
Me tem dito em surdina
Não deves cantar o fado
Ainda és tão pequenina
Não hesito em responder
E julgo ser a verdade
Deixem cantar quem quiser
O fado não tem idade
De cantar até aposto
Gostava quem me diz isso
Se canto é porque gosto
Ninguém tem nada com isso
Tal e qual o respirar
Que o ser vivo domina
Eu morro se não cantar
Qu’importa ser pequenina
Enquanto voz Deus me der
Não m’importa o que se diz
Serei fadista e mulher
A cantar eu sou feliz
Eu juro que procurei
E a procurar me perdi
Na hora que t’encontrei
Fiquei perdido por ti
Para não mais te perder
Segui na vida teus passos
Acabei por me prender
Na cadeia dos teus braços
E quando a sede chegava
Em tua boca eu bebia
Quantos mais beijos te dava
Mais a ti eu me prendia
E se um dia mesmo assim
Eu me perder por castigo
Vai à procura de mim
E fica de vez comigo
MINHAS PALAVRAS SENTIDAS
É tão bom este pasmo
Este prazer este orgasmo
De ouvir um fado.
Mas um fado!
Bem sentido, bem cantado
Que deixa a alma voar
Que deixa o corpo a vibrar
Pelas palavras levado
Em guitarras pendurado
Depois vem o arrepio
Dum calor cheio de frio
Dos pelos que se levantam
Do sangue que as veias cantam
Porque o fado quando é fado
Faz-nos olhar para dentro
E ver de novo outra vez
Como é bom ser português.
janeiro 15, 2010
GENTE DO FADO
22 anos de fado 1988/2010
1989 / JOSÉ FERREIRA
Fado Juras / Alfredo Mendes
QUEM FOI?
Quem mandou a abelha fazer mel?
Quem ensinou a aranha a tecer?
Quem disse à Maria qu’era o Manel
Que o seu coração ia escolher?
Quem disse à planta p’ra crescer?
Quem ensinou a ave a fazer ninho?
Quem ás águas do rio foi dizer
Que era por ali o seu caminho?
Quem deu à flor o seu perfume?
Quem ensinou os pombos arrulhar?
Quem disse à mulher p’ra ter ciúme
E ensinou à gente o verbo amar?
Quem nos dá a força p’ra não faltar
Na nossa mesa o pão e o carinho?
Foi quem me deu a voz p’ra eu cantar
E é dono e Senhor do meu destino!
1989 / EDUARDO ALÍPIO
Fado Porto / José J. Cavalheiro Júnior
NOITE FRIA
Nessa noite tinha sido
Um poema prometido
Com uma rima prefeita
A manhã veio tão fria
Só em nós calor havia
Dentro da cama desfeita
.
O bom dia que me deste
Foi um beijo que trouxeste
Já com sabor a saudade
A noite tinha acabado
Foi cada um p’ra seu lado
Para chorar à vontade
.
Na hora da despedida
Sentimos na nossa vida
Tudo ia ser diferente
Um ao outro nos demos
E o amor que fizemos
Ficou marcado p’ra sempre
.
Bendita seja essa noite
Onde o frio foi açoite
Que em nossas mãos morreu
Havia frio lá fora
Mas nosso amor nessa hora
Até o mundo esqueceu
MINHAS PALAVRAS SENTIDAS
Olho através duma fresta
Chove no mato, é noite de Natal.
Como gostava de ver a tua alegria
ao abrires a prenda que te não dei.
Como gostava de partir contigo
as avelãs, as nozes e os pinhões.
Acender as velas na árvore de Natal
e jogar contigo o loto até de madrugada.
Como gostava de acordar amanhã contigo
e beber café com rabanadas, um pires de aletria
e uma fatia de bolo-rei à nossa mesa de toalha bordada.
e o anho assado no forno do padeiro.
Chove no mato e nos meus olhos
Bom Natal meu amor!
janeiro 01, 2010
GENTE DO FADO
22 ANOS DE FADO 1988/2010
O VELHINHO
De palito ao canto da boca
O cabelo raro esbranquiçado
Um velhinho falou-me com voz rouca
Dele, da minha vida e do fado
Cantas e encantas digo-te eu
Que tenho muitos anos, fui artista
Com essa linda voz que Deus te deu
Tens raça e gajé p’ra seres fadista
Mas nunca te iludas com a fama
Sê sempre uma fadista verdadeira
Olha que depressa se cai na lama
Mas p’ra levantar leva a vida inteira
Deu-me um beijo e saiu muito apressado
Trauteando o menor muito baixinho
Se Jesus também cantasse o fado
Seria tal e qual esse velhinho
Fado Franklin / Franklin Godinho
Se tanto nos desejamos
Para quê contrariarmos
Nossa vontade de amar
É preconceito que existe
E o medo que lhe assiste
Que os outros posam pensar
No mundo em que vivemos
Meu amor nós não podemos
Viver a nossa aventura
Um dia vai acabar
Esta maneira de amar
Nossa vida é uma loucura
Tudo aquilo que pensamos
Um do outro o que gostamos
É só nosso esse segredo
É um amor feito miragem
Por não termos a coragem
De enfrentá-lo sem ter medo