NELSON DUARTE
Nasceu no Porto, cresceu, trabalhou, amou, casou, foi pai e desde sempre viveu na “Mui nobre e invicta cidade”. Quando viaja, ao cabo de uma dezena de horas, começa a sentir que algo lhe falta, esteja aonde estiver, e em breve descobre que os genes lhe impõem por toda a pele o apelo do regresso ao quotidiano do burgo portuense.
Nelson do Carmo Duarte veio à luz da vida em Cedofeita, a 15 de Março de 1950 e passou toda a sua infância no Largo da Maternidade – o Campo Pequeno. Aos 17 anos mudou-se para Ramalde, onde estabeleceu em definitivo sua vida e ainda hoje (aos 57 anos - 2007) reside.
Desde miúdo que tendeu para as cantigas, fascinado pelas melodias então em voga. Persistindo, ao dealbar de 1967, iniciou-se como cançonetista no célebre programa Festival, evento criado pelo saudoso Fernando Gonçalves, o qual, destinado a descobrir e a promover novos valores portuenses, se realizava com enorme sucesso aos domingos no Cine-Teatro Vale Formoso. Daí, alguns anos depois, surgiu a Rádio Festival, um êxito conduzido por José Neves (O Senhor Fado) que se expandiu em popularidade radiofónica e que no actual decurso concita uma larga, sólida e fiel audiência.
Teve assim ensejo de integrar-se em franco convívio e participação com benquistos nomes da música ligeira portuguesa: Rosita, Aurélio Perry, Rosa Barros, Broa de Mel (Zé Carlos e Maria José), Manuel Morais (O Rei da Alegria), Fátima Caldeira, Silita Lopes, Manuel Sanches, Maria de Fátima (O Passarinho do Festival), entre muitos outros, onde principalmente se destacam figuras consagradas como Hermínia Silva, António Calvário, Marco Paulo e Nicolau Breyner.
A partir de 1971, em cumprimento do serviço militar obrigatório, foi mobilizado para Angola e à paixão pelas cantigas deve o aprazível proveito que então conseguiu fruir, o que até muito amenizou o tempo de guerra, participando em muitíssimos espectáculos na companhia do casal Rui e Salomé Cardinal, Carlos Miguel (hoje Carlos Quintas), percorrendo e actuando nos mais variados locais de Nova Lisboa, Sá da Bandeira e Luanda.
De regresso ao Porto, a ambiência político-social na altura decorrente, não sendo favorável ao seu género de interpretação, obrigou-o a um longo hiato de 15 anos, mas sempre na perspectiva de voltar ao seu dilecto ofício, o que veio a acontecer em 1990, só que, desta feita, integralmente devotado ao Fado. Gravou de imediato «Prova de Amor» e desde aí, até à actualidade, fez também prova de que veio para decisivamente ficar até ao fim.
Sob reportório clássico e sobretudo em composições de José Guimarães, Torre da Guia, Fernando Campos de Castro, Alice Barreto, José Fernandes Castro, Manuel Carvalho, Joaquim Brandão, Joyce Piedade e A. Fernando Alves, a par do excelente acompanhamento musical que lhe disponibilizaram os consagrados guitarristas Manuel dos Santos, Eduardo Jorge, Mário Henriques, Samuel Cabral, Raimundo Seixas e Costa Branco, entre tantos outros, tem participado em inúmeros espectáculos, serões e convívios fadistas. Gravou ultimamente o álbum-cd «Fados do Meu Fado» e assim tenciona continuar com devotado almejo.
Nelson Duarte, além de ser deveras um intérprete de Fado com notáveis recursos vocais, é sobretudo um esmerado profissional que faceia com afável dignidade as vicissitudes decorrentes. É sobretudo, no meu apreço, uma excelente pessoa e um empolgante amigo do seu amigo.
Texto: Torre da Guia
A Pequena biografia de Nelson Duarte, que Torre da Guia tão bem sintetizou no texto acima, data de 2007. Hoje, passado um ano, o Nelson Duarte agigantou-se ao dar mais um passo na sua brilhante carreira de fadista (orgulhosamente) do norte, mas que sabe com sua voz e presença, ombrear com os melhores do país. Assim, é já no dia 17 de Outubro que a linda sala do Clube dos Fenianos Portuenses, abrirá as suas portas para a festa do lançamento do seu novo trabalho “Um Brinde à Vida”. Nessa noite, Nelson Duarte irá receber os seus convidados e amigos, autores e interpretes que com ele hão-de fazer “Um brinde à Vida”.