outubro 31, 2009

SABIA QUE...

JÚLIO VIEITAS (1915 – 1990) nasceu nas Caldas da Rainha, cidade onde muito jovem, começou a cantar o fado entusiasmado com as interpretações de fadistas de Lisboa que lá iam participar em espectáculos.
Com 15 anos, decidiu vir trabalhar para a capital, mas a sua ideia era desenvolver as suas qualidades de cantador.
Aos 17 anos cantou no retiro da Bazalisa, em Campolide, onde o velho fadista Júlio Janota, (pessoa de muito mau feitio), despeitado com a sua interpretação castiça e a sua bela voz, lhe disse que pensasse noutro futuro pois a cantar não se «safava» (para tentar desmoralizar o rapaz), mas não conseguiu desanimá-lo, pois continuou a cantar como amador durante alguns anos em sociedades de recreio e verbenas.
Estreia como profissional em 1937 no Café Mondego, tendo cantado, sucessivamente, no Solar da Alegria, Café Vera Cruz e Café Latino. Actuou também nas casas típicas: Café Luso (da Travessa da Queimada), Sala Júlia Mendes, Café Monumental e Cervejaria Artística.
Em 1943, fez uma tournée pelo Centro e Norte do País com Ercília Costa como empresária, actuando durante algum tempo no Cinema Olímpia, do Porto, mais tarde voltaria ao Porto várias vezes ao longo da sua carreira, actuando na Taverna de S. Jorge, no Hotel D. Henrique, na Cozinha Real do Fado, na Casa da Mariquinhas e n'O Rabelo (Vila Nova de Gaia). Em Coimbra cantou no Retiro do Hilário
Em 1954 cantou num programa de fados da Emissora Nacional, e mais tarde, em 1960, também participou no Rádio Clube Português e nos Emis­sores Associados de Lisboa.
Em 1955 gravou discos para a etiqueta “Estoril”, com as composições Bairro Eterno, Campinos, A Cigana, Vem Comigo e Aquela Luz.
Em 1957 foi um dos primeiros artistas do fado a cantar nos programas experimentais da RTP.
Foi contratado no retiro do Caliça, depois: Parreirinha do Rato; Ritz Clube; Adega da Lucília; Adega Mesquita; O Faia; Nau Catrineta; Paraíso das Guitarras e na Parreirinha de Alfama.
Em 1970 é o director artístico no Arabita, em Alfama. Em 1973 para a etiqueta “A Roda”, grava: Juventude, Aguarela Portuguesa, A Varina dos Olhos Verdes e Doce Visão. Em 1977 grava: Embriaguez do Amor, O Regresso do Soldado, O Fado... Apenas Isto e Um Artista.
Em 1979 gravou para a etiqueta “Riso e Ritmo” um LP com o título (Fado da Velha Guarda), com Gabino Ferreira, Júlio Peres, Manuel Calixto, José Coelho e Frutuoso França, em que canta Ser Fadista e Não te Quero Perder
Júlio Vieitas, foi um conceituado intérprete do Fado de Lisboa, distinguiu-se também como poeta popular, autor de conhecidas letras de fados, algumas delas com música sua, das quais destacamos: Princesa do Tejo (fado canção gravado por Fernanda Maria, Ana Hortense e Francisco Martinho e orquestrado por Shegundo Galarza), A Cigana e Varina dos Olhos Verdes.
Júlio Vieitas foi um dos últimos representantes de uma escola fadista, que persistiu em manter a tradição do fado autêntico, embora cultivando também o fado canção.


(texto de Blog: “Lisboa no Guiness” de Vítor Marceneiro)

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