1993 / ROSINA ANDRADE
Fado Franklin / Franklin Godinho
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CANÇÃO AO VENTO
Cantei poemas ao vento
Voei nas asas do tempo
À procura da verdade
Recuso ter que aceitar
Que a vida só tem p’ra dar
Amargura infelicidade
Ainda existe a pureza
Nas coisas da natureza
E é tão bom ser-se amada
No olhar duma criança
Também vi acesa a esp’rança
Que anda de nós arredada
Passei a noite acordada
Nos braços da madrugada
À procura do amor
Eu não quero acreditar
Que se viva sem amar
Que a vida seja só dor
Olha o Sol que ainda existe
E em cada dia persiste
Em voltar com sua luz
Apesar de tudo a vida
Vale a pena ser vivida
Bendito seja Jesus
1994 / ANTÓNIO PASSOS
Fado Pena / Fernando de Freitas
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SENTIR DO FADO
O fado não se aprende, não se ensina
É algo que já vem dentro de nós
É nosso destino, é a sina
Trazer o coração perto da voz
Mal a guitarra trina o peito sente
Uma leve sensação que faz vibrar
E cresce o fado então dentro da gente
Qu’alguém que tanto amamos faz lembrar
Depois vem na voz com que se canta
A raça do meu povo em qualquer lado
Surge a alma inteira na garganta
E o sangue nas veias vira fado
Canta-se o amor e a saudade
Que magoa a gente tanta vez
Quando a nostalgia nos invade
Sentimos como é bom ser português
1994 / ANTÓNIO PASSOS
Fado Licas / Armando Machado
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A ROSINHA DO COVÊLO
Era a mulher mais linda do Covêlo
Lá não havia outra como ela
Usava fita verde no cabelo
A contrastar a cor dos olhos dela
Chamavam-lhe a Rosinha vendedeira
Tinha a fruta mais fresca do lugar
Sentia orgulho em ser mãe solteira
Pois só soube uma vez na vida amar
Ria para toda a gente era feliz
Seu pregão ecoava no mercado
Eu soube que para ai já se diz
Que anda sempre só e canta o fado
Havia quem falasse até mal dela
Por ser cantadeira ser artista
Nunca deu confiança nem deu trela
Tinha fado na alma era fadista
Um dia a Rosinha do Covêlo
Deixou de vender lá no mercado
Traz hoje fita negra no cabelo
E chora agora quando canta o fado
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