abril 14, 2010

22 ANOS DE FADO 1988/2010


1993 / ROSINA ANDRADE

Fado Franklin / Franklin Godinho

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CANÇÃO AO VENTO

Cantei poemas ao vento

Voei nas asas do tempo

À procura da verdade

Recuso ter que aceitar

Que a vida só tem p’ra dar

Amargura infelicidade

Ainda existe a pureza

Nas coisas da natureza

E é tão bom ser-se amada

No olhar duma criança

Também vi acesa a esp’rança

Que anda de nós arredada

Passei a noite acordada

Nos braços da madrugada

À procura do amor

Eu não quero acreditar

Que se viva sem amar

Que a vida seja só dor

Olha o Sol que ainda existe

E em cada dia persiste

Em voltar com sua luz

Apesar de tudo a vida

Vale a pena ser vivida

Bendito seja Jesus


1994 / ANTÓNIO PASSOS

Fado Pena / Fernando de Freitas

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SENTIR DO FADO

O fado não se aprende, não se ensina

É algo que já vem dentro de nós

É nosso destino, é a sina

Trazer o coração perto da voz

Mal a guitarra trina o peito sente

Uma leve sensação que faz vibrar

E cresce o fado então dentro da gente

Qu’alguém que tanto amamos faz lembrar

Depois vem na voz com que se canta

A raça do meu povo em qualquer lado

Surge a alma inteira na garganta

E o sangue nas veias vira fado

Canta-se o amor e a saudade

Que magoa a gente tanta vez

Quando a nostalgia nos invade

Sentimos como é bom ser português


1994 / ANTÓNIO PASSOS

Fado Licas / Armando Machado

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A ROSINHA DO COVÊLO

Era a mulher mais linda do Covêlo

Lá não havia outra como ela

Usava fita verde no cabelo

A contrastar a cor dos olhos dela

Chamavam-lhe a Rosinha vendedeira

Tinha a fruta mais fresca do lugar

Sentia orgulho em ser mãe solteira

Pois só soube uma vez na vida amar

Ria para toda a gente era feliz

Seu pregão ecoava no mercado

Eu soube que para ai já se diz

Que anda sempre só e canta o fado

Havia quem falasse até mal dela

Por ser cantadeira ser artista

Nunca deu confiança nem deu trela

Tinha fado na alma era fadista

Um dia a Rosinha do Covêlo

Deixou de vender lá no mercado

Traz hoje fita negra no cabelo

E chora agora quando canta o fado

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