AMÉLINHA DO BOLHÃO
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No mercado do Bolhão
Houve chinfrim certo dia
Porque o pacato João
Lembrou-se de por a mão
Num sítio que não devia
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Amélinha não gostou
Que a filha fosse lesada
Mas dizem qu’esta corou
Porque no fundo gostou
Daquela mão descarada
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De rogada não se faz
E ali com a mãe presente
Prega um beijo no rapaz
Que a tremer só foi capaz
De fazer rir toda a gente
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Amélinha revoltada
Com tanta “descaração”
Prega à filha uma estalada
E logo numa assentada
Prega outra no João
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Casaram têm de seu
No bolhão uma tendinha
O povo à muito esqueceu
Quando o mercado tremeu
Com os berros d’Amélinha
1994 / AURÍSIO GOMES
Fado Puxavante / Joaquim Campos
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MAIS VALE TARDE
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Por timidez minha querida
Nunca te digo a verdade
Quero-te mais do que à vida
P’ra to dizer nunca é tarde
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Por ti meu peito ainda arde
É tão grande o meu querer
E meu amor mais vale tarde
Do que nunca to dizer
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Diz o povo e com razão
Que nunca se engana, nunca
Em coisas do coração
Mais vale tarde que nunca
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Não me tomes por covarde
Quando d’amor não te chamo
Sabes bem mais vale tarde
Digo a cantar que te amo
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Nunca é tarde para amar
Quem tem fado na garganta
Mais vale tarde cantar
1994 / EDUARDO ALÍPIO
Fado Vitória / Joaquim Campos
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MEU ENLEVO MINHA MÃE
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Ó minha mãe, minha mãe
Meu enlevo e doce bem
Minha vida meu destino
Em teu colo ainda moro
E me deito quando choro
E assim desde menino
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Nas horas boas e más
Que a vida sempre nos traz
Não me falta teu carinho
Vens sempre com teu calor
E o teu divino amor
Apontando o meu caminho
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És meu Sol minha luz
Sou teu filho tua cruz
E o teu fado também
E pelas dores que tiveste
Pelo amor que me deste
Obrigada minha mãe
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