abril 29, 2010

22 ANOS DE FADO 1988/2010

1994 / ANTÓNIO PASSOS

Fado Seixal / José Duarte
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AMÉLINHA DO BOLHÃO

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No mercado do Bolhão

Houve chinfrim certo dia

Porque o pacato João

Lembrou-se de por a mão

Num sítio que não devia

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Amélinha não gostou

Que a filha fosse lesada

Mas dizem qu’esta corou

Porque no fundo gostou

Daquela mão descarada

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De rogada não se faz

E ali com a mãe presente

Prega um beijo no rapaz

Que a tremer só foi capaz

De fazer rir toda a gente

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Amélinha revoltada

Com tanta “descaração”

Prega à filha uma estalada

E logo numa assentada

Prega outra no João

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Casaram têm de seu

No bolhão uma tendinha

O povo à muito esqueceu

Quando o mercado tremeu

Com os berros d’Amélinha

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1994 / AURÍSIO GOMES

Fado Puxavante / Joaquim Campos

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MAIS VALE TARDE

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Por timidez minha querida

Nunca te digo a verdade

Quero-te mais do que à vida

P’ra to dizer nunca é tarde

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Por ti meu peito ainda arde

É tão grande o meu querer

E meu amor mais vale tarde

Do que nunca to dizer

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Diz o povo e com razão

Que nunca se engana, nunca

Em coisas do coração

Mais vale tarde que nunca

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Não me tomes por covarde

Quando d’amor não te chamo

Sabes bem mais vale tarde

Digo a cantar que te amo

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Nunca é tarde para amar

Quem tem fado na garganta

Mais vale tarde cantar

Mas saber o que se canta
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1994 / EDUARDO ALÍPIO

Fado Vitória / Joaquim Campos

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MEU ENLEVO MINHA MÃE

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Ó minha mãe, minha mãe

Meu enlevo e doce bem

Minha vida meu destino

Em teu colo ainda moro

E me deito quando choro

E assim desde menino

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Nas horas boas e más

Que a vida sempre nos traz

Não me falta teu carinho

Vens sempre com teu calor

E o teu divino amor

Apontando o meu caminho

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És meu Sol minha luz

Sou teu filho tua cruz

E o teu fado também

E pelas dores que tiveste

Pelo amor que me deste

Obrigada minha mãe

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