julho 22, 2008

À JANELA DO FADO (Livro)















INTRODUÇÃO

Esta é a história de quatro mulheres que não se conhecem, mas que têm em comum o gosto de cantar o fado. O destino marcou-lhes encontro no palco do Coliseu, num concurso organizado pelo Clube de Fado do Porto. E tal como a sina ou a sorte que nos cabe na vida, cada uma delas vai seguir caminhos diferente, mas que no fundo, não são tão diferentes como isso, pois a busca da felicidade será sempre comum a todos os mortais.
Depois, como Fado é uma palavra utilizada como sinónimo de destino, sina ou sorte, sempre (ou quase sempre), conotada com o fatalismo e o inevitável. (Que tem a sua raiz no latim [fatu], mas já fazia parte da mitologia romana [fatum], quando era crença geral que Júpiter, considerado pai dos céus, conhecia antecipadamente o futuro e dava-o a conhecer aos homens por meio de sinais e presságios). Essas mulheres vão cumprir o seu fado.
Vão também encontrar no decorrer desta narrativa, a minha intenção em demonstrar (ao contrário do que muitos pensam), que no Porto também existe o fado. A prová-lo, estão os mais de 180 lugares onde há (ou houve fado). Os nomes de mais de 450 fadistas e mais 120 tocadores que cantam e tocam (ou cantaram e tocaram) na cidade.
Citando Manuel Halpern, do seu livro “O Futuro da Saudade / O Novo fado e os novos fadistas” (Lisboa: Dom Quixote 2004), lê-se na pág. 29:
“ (…) Contudo, ainda no princípio do século XX, converteu-se na canção nacional por excelência, após se ter expandido para o Norte, para o Sul e para as ilhas (…)”. E ainda:
“ (…) Claro que Portugal não é só fado e de norte a sul do país há uma rica etnologia musical, desde o folclore minhoto ao canto alentejano, passando pelo corridinho algarvio. Contudo, o fado é o único género que adquiriu uma dimensão nacional, é uma canção de todo o país “.

Numa curta entrevista na RTP, no programa “Portugal no coração”, onde estavam presentes Samuel Cabral e Nel Garcia, exímios tocadores de fado, Carlos Malato fez ao fadista Fernando João a seguinte pergunta:
— Existe fado do Porto e fado de Lisboa?
À qual este excelente interprete de fado (que por acaso é do Porto), respondeu e bem!
— Não há fado do Porto ou de Lisboa, o fado é português, ponto final.
Esta tem sido a luta de muita gente do fado no Porto, que teimosamente se mantém agarrado à sua cidade. Claro que mesmo daqui (e tal como o nosso Infante partiu do “Ouro” em busca de novos mundos), também muita desta gente do fado tem actuado no estrangeiro com êxito. Muitas vezes a convite, dão um salto à capital, uns esporadicamente e outros como é o caso de Nel Garcia, Samuel Cabral, Miguel Amaral, A. Tavares Barreto, Sandra Cristina, Andreia Ribeiro, Edgar Lima, Maria da Luz, Maria do Sameiro, Lina Rodrigues e Cátia Garcia, para actuaram em musicais de grande êxito de Filipe Lá Féria.
No caso de Cátia Garcia, que depois de fazer “Amália”, foi Alice no musical “Alice País das Maravilhas” e faz parte do elenco “A Canção de Lisboa”, a luta é ainda mais de louvar, quando se lê no seu “site” o seguinte:
(“Um dos seus desejos é conquistar a aposta no seu talento, por parte de uma editora e como tal quebrar a barreira e o equívoco que existe, quando se diz que no Porto não existe fado!”).
Mas vamos à história da Lígia, da Leonor, da Lucinda, da Lara e do fado que vive no Porto.

O Autor


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