(continuação)
Durante os anos de 1990 e 1991 (salvo o erro) a Rádio Festival publicou um jornal “O Festival”, tendo como director José Neves, que além das notícias da própria rádio, promoveu uma rubrica chamada “Reis, Rainhas e Princesas da Rádio Nortenha”, onde em Setembro de 1992, se dava grande destaque ao fado. Foram Reis do Fado nesse ano, o Eduardo Alípio e a América Rosa, tendo como Rainha das consagradas a Florência.
Houveram ainda, suplementos de revistas que visavam temas sobre o fado como:
1910– “O Fadinho”
(In Semanário de Critica e Propaganda
do Fado nº 1e 2 – Setúbal)
1916 – “O Fadário”
(In Semanário Literário, Teatral e
Humorístico nº 1 – Lisboa)
1923– “O Fado”
(Propriedade do Grupo de
Solidariedade Propagadores do Fado
N.º 1e 2 – Lisboa)
1932 – “Pergaminhos Fadistas”
Por: Mário Sampaio Ribeiro
(In Revista Olissipo nº 13 - Lisboa)
1945 – “Variações Sobre o Fado, Melopeia
Sinistra ou Canção Nacional?”
Por: António Lopes Ribeiro
(In Revista Panorama nº 25- Lisboa)
1960 – “Reflexões sobre o Fado”
Por: Rebelo Bonito
(In Revista Céltica nº 1 - Porto)
A Lara e o Marcelo
— Sabes que sou casada e tenho um filho, o meu amor por ti, será sempre um amor secreto.
Dizia a Lara ao telefone – Eu sei que gostas muito de mim, mas tens que compreender o meu dilema, não posso deixar o meu marido e o meu filho, depois era um enorme desgosto para a nossa família. (…) — Não, não é por ele, já te demonstrei que apenas o aturo com paciência, mais nada, eu falo pela minha prima, pela minha tia que me criou, por ti. (...) — Está bem, amanhã telefono-te, agora tenho que desligar, ele está para chegar. Um beijo.
Despediu-se e desligou, como quem acena num cais a alguém quem se quer muito. Suspirando numa mistura de alívio e dor. Recomeçou a já fastidiosa tarefa de cozinhar mais um jantar. Como ajuda para se recompor da emoção, pôs-se a cantarolar em surdina um fado na música “Três Bairros”.
É só p’ra ti o meu fado
Meu amor e meu pecado
Irmão da minha amargura
A esse amor não nos demos
Existe, mas não podemos
Assumir essa loucura
A Lara foi interrompida, pelo ruído da chave na porta.
— Então mulher, que temos para a janta?
Perguntou o marido, depois de um beijo na face.
Nesse mesmo instante, sentado à mesa do costume, no café que frequenta há um bom par de anos, e ainda de telemóvel na mão, Marcelo Couto saiu do seu torpor momentâneo, com a palmada nas costas que o Macedo lhe deu.
— Então amigo, outra vez a pensar nela?
O Macedo era o confidente fiel de Marcelo, estava dentro de todos os seus segredos.
— Já te disse muitas vezes que a vossa situação é muito delicada, tens que ter muito cuidado com essa relação e principalmente teres em conta, que a posição dela é muito pior que a tua. Que diabo! É tua sobrinha! Apesar de ter trinta anos é mais nova do que tu, dezanove! Já pensaste se a tua mulher descobre, ou mesmo a tua filha?
— Ó Macedo!... Estou farto de pensar em tudo isso, só que passo a vida a pensar nela, é quase uma obsessão, a qualquer hora e momento estou com ela no pensamento, chego a temer qualquer reacção minha menos ponderada, que possa despoletar um desastre familiar. Mas por outro lado, este amor escondido, secreto como ela diz, é para mim uma tentação, é quase como estar à beira de um precipício, bem… e a adrenalina que sinto com um beijo ás escondidas? Ter aquele corpo nos braços por breves instantes no corredor, enquanto todos conversam na sala ao lado. Sentir aqueles seios encostados ao meu peito quando a abraço disfarçado em frente de todos, é uma tortura tê-la ali nos meus braços e não poder gritar ao mundo que a adoro, que a quero só para mim. Até o miúdo gostava que fosse meu…
— Estás completamente louco Marcelo! Tem cuidado meu amigo, não vos quero ver cair em desgraça. Porque não fazes umas férias com a tua mulher? Tenta esquecê-la, pára de lhe ligares ou mandares mensagens… Lembra-te também da tua filha, como aceitavas um incesto desses, sim porque se trata de um incesto, já viste bem?
— Neste momento é difícil, a Lara está inscrita no concurso de Fado e eu faço parte do júri a convite do Maciel Castro do Clube do Fado. Mas logo que termine o evento, vou tentar dar um rumo na minha vida, prometo.
Pág.11 (continua)
Durante os anos de 1990 e 1991 (salvo o erro) a Rádio Festival publicou um jornal “O Festival”, tendo como director José Neves, que além das notícias da própria rádio, promoveu uma rubrica chamada “Reis, Rainhas e Princesas da Rádio Nortenha”, onde em Setembro de 1992, se dava grande destaque ao fado. Foram Reis do Fado nesse ano, o Eduardo Alípio e a América Rosa, tendo como Rainha das consagradas a Florência.
Houveram ainda, suplementos de revistas que visavam temas sobre o fado como:
1910– “O Fadinho”
(In Semanário de Critica e Propaganda
do Fado nº 1e 2 – Setúbal)
1916 – “O Fadário”
(In Semanário Literário, Teatral e
Humorístico nº 1 – Lisboa)
1923– “O Fado”
(Propriedade do Grupo de
Solidariedade Propagadores do Fado
N.º 1e 2 – Lisboa)
1932 – “Pergaminhos Fadistas”
Por: Mário Sampaio Ribeiro
(In Revista Olissipo nº 13 - Lisboa)
1945 – “Variações Sobre o Fado, Melopeia
Sinistra ou Canção Nacional?”
Por: António Lopes Ribeiro
(In Revista Panorama nº 25- Lisboa)
1960 – “Reflexões sobre o Fado”
Por: Rebelo Bonito
(In Revista Céltica nº 1 - Porto)
A Lara e o Marcelo
— Sabes que sou casada e tenho um filho, o meu amor por ti, será sempre um amor secreto.
Dizia a Lara ao telefone – Eu sei que gostas muito de mim, mas tens que compreender o meu dilema, não posso deixar o meu marido e o meu filho, depois era um enorme desgosto para a nossa família. (…) — Não, não é por ele, já te demonstrei que apenas o aturo com paciência, mais nada, eu falo pela minha prima, pela minha tia que me criou, por ti. (...) — Está bem, amanhã telefono-te, agora tenho que desligar, ele está para chegar. Um beijo.
Despediu-se e desligou, como quem acena num cais a alguém quem se quer muito. Suspirando numa mistura de alívio e dor. Recomeçou a já fastidiosa tarefa de cozinhar mais um jantar. Como ajuda para se recompor da emoção, pôs-se a cantarolar em surdina um fado na música “Três Bairros”.
É só p’ra ti o meu fado
Meu amor e meu pecado
Irmão da minha amargura
A esse amor não nos demos
Existe, mas não podemos
Assumir essa loucura
A Lara foi interrompida, pelo ruído da chave na porta.
— Então mulher, que temos para a janta?
Perguntou o marido, depois de um beijo na face.
Nesse mesmo instante, sentado à mesa do costume, no café que frequenta há um bom par de anos, e ainda de telemóvel na mão, Marcelo Couto saiu do seu torpor momentâneo, com a palmada nas costas que o Macedo lhe deu.
— Então amigo, outra vez a pensar nela?
O Macedo era o confidente fiel de Marcelo, estava dentro de todos os seus segredos.
— Já te disse muitas vezes que a vossa situação é muito delicada, tens que ter muito cuidado com essa relação e principalmente teres em conta, que a posição dela é muito pior que a tua. Que diabo! É tua sobrinha! Apesar de ter trinta anos é mais nova do que tu, dezanove! Já pensaste se a tua mulher descobre, ou mesmo a tua filha?
— Ó Macedo!... Estou farto de pensar em tudo isso, só que passo a vida a pensar nela, é quase uma obsessão, a qualquer hora e momento estou com ela no pensamento, chego a temer qualquer reacção minha menos ponderada, que possa despoletar um desastre familiar. Mas por outro lado, este amor escondido, secreto como ela diz, é para mim uma tentação, é quase como estar à beira de um precipício, bem… e a adrenalina que sinto com um beijo ás escondidas? Ter aquele corpo nos braços por breves instantes no corredor, enquanto todos conversam na sala ao lado. Sentir aqueles seios encostados ao meu peito quando a abraço disfarçado em frente de todos, é uma tortura tê-la ali nos meus braços e não poder gritar ao mundo que a adoro, que a quero só para mim. Até o miúdo gostava que fosse meu…
— Estás completamente louco Marcelo! Tem cuidado meu amigo, não vos quero ver cair em desgraça. Porque não fazes umas férias com a tua mulher? Tenta esquecê-la, pára de lhe ligares ou mandares mensagens… Lembra-te também da tua filha, como aceitavas um incesto desses, sim porque se trata de um incesto, já viste bem?
— Neste momento é difícil, a Lara está inscrita no concurso de Fado e eu faço parte do júri a convite do Maciel Castro do Clube do Fado. Mas logo que termine o evento, vou tentar dar um rumo na minha vida, prometo.
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