agosto 07, 2008

À JANELA DO FADO (Livro)

(continuação)

Também Beatriz da Conceição, nasceu no Porto em 21 de Agosto de 1939, foi para Lisboa onde se estreou na “Márcia Condessa”. Radicou-se na capital até aos dias de hoje, Cantou nas principais casas de fado e teve uma carreira assídua em grandes palcos do estrangeiro, onde obteve extraordinários êxitos junta das comunidades portuguesas. Foi convidada nos anos noventa para festivais internacionais de música. Continua a ser das fadistas mais criteriosas na escolha do seu reportório e chegou no princípio a pagar letras de fado que gostava, para ter um reportório próprio. Continua a ter uma carreira activa como comprova a sua presença em: “Grande Noite” e “Cabaret” de Filipe Lá Féria. A Bia (como é carinhosamente tratada) é dona de um estilo muito próprio de cantar e é sem dúvida, uma das grandes referências do fado. Quem não se recorda de: “Meu Corpo” de Carlos Ary dos Santos, ou: “ A Noite” de Vasco de Lima Couto e tantos outros êxitos.


O famoso Tony de Matos, António Maria de Matos, também nasceu no Porto em 1924. Filho de actores e sobrinho de dois cantores, começou a cantar aos 13 anos. Estreou-se aos microfones da Emissora Nacional em 25 de Setembro de 1945. Foi levado depois pela mão de Júlio Peres, a actuar em Lisboa no Café Luso em 1948, ponto de partida para uma carreira que o levou aos quatro cantos do mundo. Em 1950 grava três discos em Madrid. Estreou-se no teatro de revista em 1952, com “Cantigas, Ó Rosa” e depois em “Saias curtas”. No Brasil em 1953, alcança grande êxito a actuar nos melhores locais e na TV. É depois convidado por Igrejas Caeiro em 1954 para fazer o programa “Comboio das seis e meia”. Em 1957 parte para o Brasil, onde se manteve seis anos como proprietário da casa “O Fado”.
Estreia-se no cinema em “A Canção da Saudade” (1964), “Rapazes de táxi” (1965), ”Derrapagem” e “ O Destino Marca a Hora (1972) onde foi actor e produtor.
Partiu em 1975 para os Estados Unidos onde viveu oito anos. Regressa em 1985 para um grande concerto no Coliseu a convite de Vitorino, grava o CD “Romântico” e em 1988 o álbum”Cantor Latino”.
Faleceu em Lisboa em 1989, mas deixou-nos lindas cantigas que só ele sabia cantar: “Morreu um Poeta”, “Lado a Lado”, “Vendaval”, “O Que sobrou da Mouraria”, “Quando cai uma mulher”, “Mas falta escrever na Lua”, “Coitado do Zé Maria”,” Maria do Céu” e tantos outros êxitos que o povo nunca esqueceu.


Lenita Gentil, embora tenha nascido na Marinha Grande, veio com os pais para o Porto e é aqui que começa a cantar aos 5 anos. Faz a sua primeira aparição pública com Resende Dias no Palácio de Cristal em 1967, no Serão para Trabalhadores organizado pela FNAT, hoje INATEL.
Dona de uma voz singular, hoje é fadista afamada e proprietária de uma casa de fado em Lisboa. Lenita Gentil que já leva 35 anos de carreira, comemorados num grande espectáculo no teatro S. Luís em Lisboa


Também Alberto Ribeiro, considerado das melhores vozes do nosso país, foi um ídolo incontestável do público nas décadas de 40 e 50, deixando o seu nome ligado a filmes inesquecíveis como: Capas Negras; Um Homem do Ribatejo; O Ladrão da Luva Branca e outros. Nasceu em Ermesinde em 29 de Fevereiro de 1920, onde tem uma rua com seu nome. Deixou esta cidade aos nove anos para ir residir no Porto.
Foi contratado para cantar opereta no Coliseu de Lisboa e chegou mesmo a cantar ópera em Itália. Depois de algumas digressões ao Brasil, aí se radica, depois definitivamente em Espanha.
É um orgulho ter como conterrâneo, uma figura tão proeminente no mundo do fado e da canção.


Joaquim Pimentel, cantador e poeta, nasceu em Cedofeita no Porto. Começou por cantar fado e tango como amador em 1931. Em 1933, aparece a cantar fado no Retiro da Severa.
Joaquim Pimentel também é autor de muitas letras lindas e por demais conhecidas como “Júlia Florista”. De Lisboa parte em digressão para o Brasil, onde em 1947 se vai radicar definitivamente em S. Paulo, abre nessa cidade um restaurante típico, o “Lisboa Antiga”, onde recebe e dá apoio aos fadistas que se deslocam ao Brasil. Actuou na rádio e na televisão brasileira, tendo gravado muitos discos. Como curiosidade, este fadista foi atleta do Académico do Porto e depois do Belenenses.


Gabino Ferreira que em 1936 aparece a cantar no Café Portugal (chamado na época a Catedral do Fado) na Rua de Traz no Porto. O “Miúdo do Bonfim” como lhe chamavam, foi um êxito a cantar com 14 anos.
Gabino Ferreira nasceu a 13 de Novembro de 1922. Participou em 1940 no grande espectáculo “Glórias de Portugal” acompanhado por Marcílio Ferreira. Em 1942 vai para Lisboa estreando-se na Esplanada “O Retiro da Severa”.
Retirou-se voluntariamente da vida artística, no auge da sua carreira.


Também nasceu no Porto a Mísia, ou Susana Maria Afonso Aguiar. Nesta cidade viveu até aos 20 anos, indo depois para Barcelona (terra natal da mãe), para voltar a Portugal mais tarde e ser uma revelação extraordinária no fado. Criteriosa na escolha do seu reportório, como atesta os grandes poetas que canta. É reconhecida internacionalmente de Tóquio a Paris e conhece os palcos mais privilegiados do mundo.


A cantadeira Dina Teresa de seu verdadeiro nome, Dina Moreira, nasceu em Avintes (Vila Nova de Gaia), em 1902 e morreu em Lisboa em 1984. Foi durante muito tempo actriz secundária de revista, até que Leitão de Barros a escolheu pelo seu tom de pele (pois era muito morena), depois de um concurso para a protagonista do filme “Severa” em 1931. Foi ele quem lhe escolheu o nome e a iniciou no percurso da fama. Apareceu em enumeras revistas, mas nunca conseguiu atingir primeiro plano como cantadeira.


Maria Ana Bobone, que também nasceu no Porto em 1974, é licenciada em Comunicação Social e Cultura pela Universidade Nova Lisboa, começou a dar provas do seu talento musical logo aos sete anos e aos doze, entrou na Conservatória Nacional, acabando também por abraçar o canto interpretando fado em concertos. Foi descoberta por João Braga num casamento, quando cantava no coro da Igreja de Santos. Desafiada a cantar fado com apenas 16 anos, até que em 1993 grava o seu primeiro disco “ Alma Nova”, em conjunto com Miguel Capucho e Rodrigues Costa Félix, onde a voz de Bobone interpreta os fados tradicionais de Amália. Grava depois “Luz Destino”, uma nova forma (mais barroca), de cantar o fado, sendo nomeada para os Globos de Ouro da SIC. Grava ainda numa catedral (cujo o nome a Igreja Católica não quer seja divulgado), “Senhora da Lapa”. Em Janeiro de 2006 grava “Nome de Mar”, onde o primeiro tema é “Meu nome é nome de mar” de Manuel Alegre.

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